segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CRÔNICA - DIA COMUM


4:30h da madrugada. Ainda dormindo, ouço o abrir dos portões. Sussurros. Indivíduos em marcha lenta, a passos curtos, quase sonâmbulos vêm me acordar, o dia de trabalho começa cedo, e mesmo sem o desjejum, vou à luta, à minha batalha diária.
Tenho pressa, o dia pede por isso, mesmo em suas primeiras horas, toda a carga tem data, local e horário para chegar, nada de atrasos, atrasos não serão permitidos, nunca são. Mesmo com todos aqueles na minha frente, logo com ao amanhecer, com seus andares amarrados quase parando e não respeitando-se.
Depois das 9:00h as coisas tornam-se mais tranqüilas, não aparecem tantos daqueles que atrapalham nossa passagem, devem todos estar mais ocupados com outras coisas, há tempo para uma ‘boquinha’, as cargas não têm tanta pressa, parecem mais contemplativas, sem tantas perspectivas.
Meio dia, sol de rachar. Gritos, xingamentos, o calor cozeu tudo aquilo com conhecíamos como calma, tranqüilidade e paciência. A carga vem suja, feia, se viva fosse, diria que está mal-humorada, quase zangada, mal-amada. Mas que bobagem! Todos sabem que a carga não tem vida. A tarde segue, o sol sobre nossas cabeças continua incessante até ser substituído pela imponente lua prateada, quando a carga misteriosamente aumenta, até tornar-se inviável seu transporte.
Noite. A noite é tranqüila, a temperatura ameniza, podemos até mesmo, sentir uma brisa mais fresca, principalmente nas margens dos rios. Assim a noite continua, até a hora de dormir, para que no próximo dia possamos fazer tudo de novo.
Meia noite. Quase dormindo. Há?! Desculpem minha deselegância, nem apresentei-me, eu sou o... Ônibus.

(Zé Orlando Jr)

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