quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ENTRELINHAS VIDAS



Vivo escrevendo estórias, e sei que estas não passam de memórias
de vidas fantásticas, da imaginação real, que retratam a luz, ou escuro total
vidas que nunca vivi, ou vidas que eu queria estar
vidas em que eu renasci pra poder estar aqui a me lamentar

por escrever, pra me afugentar, da nostalgia presente que se pressente no ar
de vidas fantásticas, da imaginação real, contra-indicação, efeito colateral
vidas tão absurdas, famílias felizes por todo eterno
livros tão obscuros, almas sem noção a arder no inferno


e nunca paro de escrever, não tenho uma razão
relato fatos drogas e desilusão
e sempre a centralizar uma mulher
e amigo que não estão mais aqui

e as mãos, a mente já se cansa, mas não compensa, parar, ficar por aí
e escrevos minhas tristezas num tom letal, psicose de nostalgia já é normal
vidas em que eu morri, pra poder estar aqui a me rastejar
por escrever, pra me amparar, a alegria ausente não está em algum lugar

o papel já úmido, apenas um cúmplice, de um cara a escrever
vidas perfeitas, sem suspeitas e em uma delas eu queria viver
sei que posso, mas tudo me impede, remorsos fazem a minha cruz
insanidade tão racional, se perde ao viajar da luz

levanto irado, rasgando os papéis,
os únicos que têm sido fiéis,
a mesa no chão as paredes em vão
e uma luz torutosa conceber o cerão

(André Café)

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