quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O por vir




[Temem o por vir, polvorificam suas possibilidades e as queimam com cigarros equilibrados em suas mãos errantes, com movimentos descambalidos tentam esconder, mas não conseguem.]

Ela vem com um resfriar de pedras que me dá calafrios, vem aguda e fria, come alguns biscoitos sem tocá-los e esconde seu olhar cansado. Em seu encalço vem a lua, elas não se tocam, trazem consigo metade do significado das coisas, de nossas tristezas que dá por esses horários. Enxuga algumas lágrimas, deita na minha cama, se inquieta e sai correndo de casa, "para o bar mais próximo, por favor". Estica as pernas, olha pra cima, senta na mesa e decide que não vai acender nada que lhe dê nos nervos. Espera regenerar sua angústia, seu orgulho nada vale agora e com um ar de sorriso ela ver passar a aurora. Se esconde atrás do horizonte, do esguio horizonte que condena seus erros, seus maus modos de lidar com seus problemas. Estirada em seu divã-auroradecoresvivas ela saudadifica o ambiente, em suspensão, parte das coisas ao seu redor amadurecem, cai do pé e se encontram trêmulas em suas cadeiras, sem respostas para metade de suas perguntas. Ao redor dela tudo se desfaz em falta, em pré-ausência, inclusive aquelas pessoas que falam alto na outra mesa sabem do que estou falando: ela nos deixa um ar contemplativo e uma beleza estranha, difícil de explicar, sem resposta até para uma simples saudação. "Boa tarde ou boa noite?", dera todo mundo buscasse a resposta através dEla.

(João Ernesto)

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