quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

POESIA, REBELDIA E ARTE, em 2009




ATO 1: AMARGO
Eis que um todo tomado por sensações estranhas
Busca saída em muros tão perpétuos e altos
Impossível superá-los em vão saltos
Amarga é a cor da tez das entranhas
Mas o que é isso, prisão tamanha
Encarregada de dar um sumiço
Encastelados muros edifícios
O que poderia fazer tal façanha
Mas meus amigos, não é tão cruel
A morbidez da língua na ponta
Lágrima aqui não se conta
Num milésimo da terra ao céu
E triste assim, infeliz descontente
Vaga leve pela imensidão
Isso nada mais é que coração
Encarcerado em cela inexistente

DOIS ATOS: SUPLICO SUPLÍCIO, SUMIÇO

Em que contexto está o remédio
Que cura o não sangue de dor
O que mais de humano, senão o amor?
Sem ele, chuva, fechados, tédio
Mas o humano sem amor não há
Porque sentir o amor a cada instante
Enaltece, constrói, incinerante
Aos olhos o invisível quer saltar
A mente vibra em felicidade
Tudo é todos os gostos sons e cores
Amor é bom, devia ser amores
Sem limite, volume ou capacidade
Mas eis que as estranhas sensações
Revelam o que não queria vir á tona
A solidão só de falar já emociona
Tudo se foge aos lampiões

TRÍADE: POR QUE? EM QUE? DE QUE?

Por que as perdas nos recaem em tons de culpa e medo?
Em que esse medo nos oblitera as relações?
De que servem estas vazias antes fortes emoções?
O coração parece querer parar mais cedo
E o ser que amava não entende a questão
Em que sobressaiu a queda ao chão vil
E a culpa é sua cor de anil
É o sangue desbotado que jorra do porão
Não há mais como ser feliz na vida
Pois o amor entorpeceu-me de fantasias
E a noite em branco, escuros os dias
Buscando iniciar de volta da subida
Mas culpa mesmo não tem ninguém
Amores em um dia mil se acaba
E quem muito entrelaçado desaba
É impossível envolver-se com alguém

SUPERAÇÃO, APRENDIZAGEM, AUTO-ESTIMA, PERMISSÃO

E difere a fera que entorna cada um
Mas a vida insiste em seguir
E superar é nos redimir
Do mal que não fizemos algum
Aprende-se a valorizar a metade que foi boa
Ta no coração e na lembrança
O que machuca joga na dança
Da roda das coisas à toa
E nessa escalada acredita-se em amar
E por seqüência se reanima
A quase gélida auto-estima
Amar a si e festejar
Isso não é de uma outra pra hora
Mas se permitir lhe dá graça em viver
E no fim conhecer pessoas e saber
Que feliz é quem projeta e vive o agora

QUINTO TEMPO CADA UM TEM O SEU

É certo que tudo há seu tempo
Cada um tem sua estrutura
E às vezes demora a auto-procura
Para chegar num nível contento
Por vezes surgem as (in) desejadas recaídas
Que nutrem o semi-morto sentimento
E turva outrora encaminhamento
De se buscar tão difícil saída
E mais uma vez a pessoa em rumo doloso
Cai, e daí pode refazer todo um caminho
Mas não quer mais se sentir sozinho
Segue na rota de um som prazeroso
Som que canta através de sinais
Que as pessoas vem e vão
Algumas sim outras nem consideração
E sofrer a míngua nunca mais

“FIM DO PRELÚDIO”

Eis que então aos amigos festeja
Está só, mas com tudo e todos
Agradece a felicidade! Esquece engodos
Ficar em paz e tranqüilidade alma almeja
E a vida que segue a vivenciar
Brincar, ficar, curtir, sorrir
Sem culpa, dor, nem mentir
O coração permite sonhar
Não busca outra pessoa no instante
Na há relógios de paixão
O acaso toca a ocasião
O sentimento é de ir avante
E eis que um dia desapercebido
Imbuído de vida e felicidade
A cor de toda a cidade
Enverdece, ao passo tingido

(André Café, poesia de 2009)

Um comentário:

  1. Ótimos pensamentos!
    De fato aprendemos-sofrendendo-amando-sendo.Deveria existir essa terminologia kkkkkkkk.

    ResponderExcluir