domingo, 27 de março de 2011

A sina do namorador



Eu, passeando pela praça, todo suadento
Num andamento bem andado, muito matutando
Quirinizando sobre a vida, de sapênça feita
“Se desenfeita minha sina, por não ´tá amando?”
Sou doutorando de solteiro, rabichando as saias
Que ‘ocê me atraia com macumba de vez, sempre em quando
Pois vá pensando que meu jeito você assassina
Minha menina, não sou flor que você ´tá cheirando!

Dou piscadela, pra donzela se desdonzelar
Anamorar, cantarolando uma luxuridade
A claridade de faísca todas nas paredes
E minhas redes balançando de felicidade
Sonoridade de gemidos bem acordeados
E cadeados pelos braços presos de vontade
Na vaidade dos pecados dessa belezura
Uma frescura de suor e de viscosidade

De manhãzinha, ouço a chuvinha pelo meu terreiro
O Juazeiro vem dizer que quer florar mais cedo
Pelo arvoredo, vou contente pela vida mansa
Que não se cansa de beijar e nem pedir segredo
Vou pro folguedo namorar com Sinhazinha Rosa
A caridosa que mais eu, atua nesse enredo
Estalo o dedo, bem faceiro, mostro a posição
Quando o rojão se papocou, eu nem tinha mais medo

“Seu Zé Pequeno, bote um dedo de fogo de cana
Que Mariana vem mais tarde pra nós se amarrá
E se juntá ela mais eu, não fica nada em pé
Nem buscapé tem mais quentura que meu namorá
Me traga um taio desse umbu, pr’eu tirá esse bafo
Já engarrafo, tomo outra, pode pendurá
Meu naturá é ser danado, como diz meu pai
E se ela cai, daqui não sai, inté eu lhe deixá”

Volto pra casa, bem contente, todo lambuzado
Pra ser amado por Maria de compadre Zé
Se cafuné não me derruba, não derruba nada
Nem punhalada de compadre, quando ele der fé
Mas no sopé do meu terreiro tem um canto escuro
Que me misturo com Maria que nem dois relé
Meu pangaré me dá guarida, provando amizade
E a docidade de Maria vira um picolé!!!!

(João Rolim)

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