segunda-feira, 28 de março de 2011

Um bicho do mato...




Uma pequena homenagem aos amigos da Banda Validuaté, Teresina/PI. Um abraço a todos.

Sou das brenhas o calor da apartação
O chocalho ligeiro da novilha
Avoante trancado na armadilha
Carcará violento do sertão
Obriguei usar chita Lampião
Fui da gripe o remédio lambedor
Ensinei a Da Vinci a ser pintor
E Gonzaga a ser rei dos sanfoneiros
Sou a fé que conduz três mil romeiros
Eu sou bicho do mato, sim senhor!

Sou o beijo roubado da donzela
E sou fogo que cria esse pecado
Sou o Rio Parnaíba esquartejado
E Cabeça-de-Cuia sentinela
Arrastado dos sinos da capela
E poeira do xote dançador
Sou cordel declamado com fervor
Bem no centro da feira em Teresina
Cajuína gostosa e cristalina
Eu sou bicho do mato, sim senhor!

Eu sou vale profundo e bom de terra
A nascente que leva a água santa
A criança que cai e se levanta
E trás paz com uma rosa em plena guerra
Sou poeta que acerta e também erra
Um punhal que dá risco em cantador
A peleja sincera sem ter dor
Numa simples e bela cantoria
Sou pra ti, sol em noite, lua em dia
Eu sou bicho do mato, sim senhor!

(João Rolim)

Nenhum comentário:

Postar um comentário