segunda-feira, 27 de junho de 2011

Frio coração


Uma inquietação surge no instante das lembranças correndo na frente dos olhos. O mesmo momento em que o medo pairava sobre minhas mãos segurando minha insatisfação.
Não quero cobranças e nem joelhos feridos pedindo perdão. Eu não quero doar-me tanto e adotar meu coração. Ele está quieto, seguro e preguiçoso. Queria ter a eternidade como resposta para minha doce solidão. Sem preocupações e invasões, mas o destino impreciso deu-me uma vela derretendo. Já é tempo de mudar a rota do pescoço. Qualquer falha rompe com a estrutura iniciada. Agora é tarde e eu tenho pouca chance de fazer a velocidade do tempo não me levar para um descontentamento. O tempo está em conta gotas que vai e vem...
Há uma cobrança que inebria os pensamentos vagos, destacando a imensidão do perigo que eu tinha aceitado: Experimentar e decidir sobre o incrível. Sobre o destino do tempo que sangra dentro de mim. Pena que não existem rédeas que estanque a vontade de distanciar-se do escuro e dos sons que amedrontam a calmaria dos olhos. Há uma saída, uma covardia que dissipa a veracidade da lógica escondida sob o lençol. Escondo sob a asa da noite o desespero do dia e a ansiedade do incerto: O depois.
Juro como eu queria estar presa em um sonho. Desses que não dá para gritar e nem para correr. Tem que sentir devagarzinho todas as veias e todas as dores. Sentir o arrepio, o foco do olhar e o desespero de rasgar o horizonte e sentar em cima de um penhasco, olhando para baixo e decidindo entre ficar ou sair. Ficar na confusão que as lembranças trazem-me ou sair do impasse nostálgico e improdutivo que a impaciência e a auto-proteção detestam.
Andando em um relógio parado. Era mais um tempo inesgotável que serviria como remédio para minha dor. Ah, como dói mutilar o peito para deixar um espaço vazio que serviria de abrigo para meu próprio peito. Egoísmo? Não! Proteção necessária, mas involuntária. Eu já não queria mais falar desse coração virado. Já esqueci como inicia a conversa ao quadrado. O ciúme exacerbado do meu próprio coração
O tempo volta a funcionar e o desespero da consciência apavora-me com os segundos esquecidos, mas que serão minuciosamente relembrados na vagidão do horizonte. É o nosso tempo. O tempo meu e do que é meu. Estou decidindo sobre esse músculo que só pulsa. Sem danos, sem pecados e sem culpa. Na verdade sem interesse.
Depois que abri os olhos, escolhi entre mais, que apenas não quero a frouxidão de um abraço e nem a distância de um beijo. O resto é repetição! Essas são minhas considerações finais.

(Rosseane Ribeiro)

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