segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bebendo frases, escrevendo cerveja



Bebendo frases, escrevendo cerveja, tudo se confunde
A cevada vira sentenças, as letras refletem embriaguez
A cada momento, química e palavra reivindicam sua vez
Parece que nem sei ler o que escrevo
Ou pode ser que nem sou eu escrevo
Simplesmente fluem, letras se tornam refrões
Cada frase deriva de sinceras emoções
Sinto... E revelo sem o temor do estado sóbrio
Sem as grades, em momentos insólitos
Me desperto e de repente passo de fato a existir
Viajo por sensações, livre! Digito meus desejos...
O manifesto dos sentimentos vem à tona
A escrita leva todas as restrições à lona
Com ares dramáticos para não arruinar a trama
O álcool me mostra o que não vejo
As máscaras simplesmente caem, a miopia some
Em cada letra percebe-se a raiz de uma psicose
Que me retira todas as negações, e saio do isolamento
Perco a timidez, com um gole de cada vez
Uma dose de sentidos me embriaga
E mergulho nas profundezas
De uma realidade sem restrições

Dérek Sthéfano


Haikai da Tiquira



Tu vira,
Tu banha,
E tu pira.

(Laelia Carvalhedo)

Mulher em partes



Eu não sou inteira
Sou feita de partes
Não todas juntas
Nem misturadas
Apenas somadas
Uma a uma

Há partes minhas
Por aí soltas
E quando eu as encontrar
Perderei outras

Partes, quantas partes?
Fazei de mim tudo
Que cada parte queira
Qualquer coisa
Menos inteira

Vanessa Teodoro Trajano

Juntos somos mais bonitos



O meu colo anseia
Deitar sobre o teu peito
Sobre a luz que já não clareia

Entenda meus olhos
Eles estão alerta
É do teu desejo que são esperançosos

É da cor a tua pele
Que eu copio no espelho
E o que me encanta é teu jeito, solerte.

Manso e tranquilo
Com as nossas mãos amarradas
É desse jeito que mantém meu equilíbrio

D’olhos fechados
Com o sopro do canto
Fui fisgada pelos feitiços
Daquele moço
Pra mim, o mais bonito.

(Gabi)

Posso te pedir um favor?



Envie noticias para os daí!
Aqui está tudo meio caótico ainda.
O meu sossego não descansa
Minha mente, pálida como meu rosto
Padeci diante de tanta ordem, tanta regra!
O desenvolvimento é palavra da vez!
Tudo, eu disse tudo, é feito a seu favor.
A passos lerdos as coisas andam para um futuro
Um futuro tão incerto, como o presente atual.
Eu preciso urgentemente me mudar!
Sair desse marasmo angustiante
Dessa masturbação psicologia,
Quem não me trás orgasmo.
Eu preciso da desobediência,
Da desordem, do avesso, do revés.
Eu preciso viver. Sem preocupar-me com as balas perdidas
Ou com os assassinos que ninguém vê
(Aqueles que fazem metade dos terráqueos morrerem de fome)
Pra vê se quem sabe assim
Eu consiga significar a mim mesmo!
Porque neste momento,
Não sei mais se sou eu ou se sou os outros.
Se estou vivo, ou apenas penso que estou.
Aqui tudo é tão mentiroso, contraditório.
Que até eu mesmo pareço que sou, quando penso que não sou!

[ Luan Matheus]

numa esquina vejo diamantes perfurados



o cemitério são josé esconde tesouro líquido
o shopping da cidade é meretriz em formas de espirros
a ponte estaiada entra num coma ejaculatório
o parnaíba se fortalece com a chave de honra da cidade
o zoobotanico enfileira rótulas sem rótulos
o "estacionamento" tem pintos e triangulos orais
o grande dirceu é uma inflamação da próstata dividida
e por fim o nosso século xxi guarda
a repreensão e o pouso leve da entrada paga numa garganta profunda

(Bruno Baker)


Acordei tarde para o jogo
Li naquele jornal de papel fosco:
A cidade não é mais verde e a Saúde pega fogo!
A pizza do café foi requentada
de alguma vida passada
A ignorância misturou-se à ânsia
e a náusea foi até a hora do almoço...
Até que, triste, eu vi na TV
A polícia virou cisco e o parquet, circo!
Mas logo o demagogo trouxe a solução:
A União é para quedas, faremos a divisão!
Então, uma pergunta se atina:
"Existirmos, a que será que se destina?

(Arthur Cunha)


hoje é dia de chuva?!
não sei
mas de poesia
tenho certeza que é
e se a chuva chegar?!
... beberei de um so gole
a chuva e as poesias mais acidas
as doces
vou degustando com calma
sentindo devagarinho
no meu corpo
vou deixando passar
por todos os lugares ...
e se não tiver chuva
sem preocupação
pq eu sei que poesia
na p2 é coisa certa!

(Dine)

Não me basta



Não me bastas novelas! E as pseudo vidas que fingem que o céu esta presente aqui, que o drama da vida é agonia de tocar apenas o “amor”, o amor vendido, o amor mercantil que o vilão da historia se dará mal no ultimo minuto.

Não me basta olhares! Com penas ou inquietações, sem expressar em atitude ou ação. Olhares não mudam caminhos, palavras e ações talvez!

Não me bastas abraços! Que não nos sequestre, nem que momentaneamente a solidão, que não nos permita sentir o cheiro e a felicitação, de expressar que a amizade e companheirismo não são exclusivos de irmãos.

Não me basta beijos! Que não possam ser retribuidos. Que possam ser esquecidos! Que não me faça arrepiar. Que não me deixe mais vontade de continuar.

Não me basta vidas! Que são mal vividas e que sem quaisquer açucares bebem do néctar do sofrimento cotidanamente e sem saber que o sabor escolhido, não foi escolhido por vós.

Não me basta finais felizes! Pois o que procuro não é somente para mim, pois a mais urgente agonia não é sentida aqui, pois a minha vida não termina em mim, Não me basta...vim aqui pra me distribuir.

(Vinícius Oliveira)


Bons Ares



Descobri que a revolução tem cheiro:
não de spray entorpecente,
lançado pelas mãos automáticas do serviçal.
Nem tem cheiro de intransigência,
da indiferença de quem pensa que pode
esquecer que o rei na barriga já nasceu:
está nas ruas.
O cheiro da mudança caminha sem passos marcados,
dissemina-se com tamanha sede de expansão
que não tem barreiras assépticas que o segurem.
É no pneu queimado em vias populares,
é no ônibus destruído, efeito colateral da luta,
é no suor de cada indivíduo
que acreditou na força de seus atos,
que gritou "I have the power" ao meio-dia,
que ouviu Índios em brados emocionados.
Assim, a cidade, que já se preparava
para receber o duro golpe de suposta onipotência,
de quem pensa ditar normas de conduta,
pôde enfim respirar aliviada outros ventos.

(Jorge André)

Me liberto



Me liberto
mas onde está a melodia?
livro-me, embora marcada e agora?
não desfruto nem sei que cheiro tem o sabor do morango
morando
morrendo
mirando
dentro de mim
o fulgor existe e grita
permita! permita!
mas onde está a letargia?
lado a lado eu vejo
outros corpos em chama eminente
sente, sente
repente
presente
mãos dadas
encontrei a harmonia
desde sempre em nossos punhos
impregnadas em nossos gritos
ritos,mitos, ditos, ação!
Com ternura e altivez
grudando flor em toda parte
rompendo os muros de vez
em poesia, rebeldia e arte

(André Café)

Flores irreais




Eu tenho um coração grande e desajustado
guiado por um olhar simples e sonhador.

Faço rodopios como vento de primavera
e penso, muito, bem mais do que devia.

Antes de dormir, fico pensando fantasias
e acordo pensando nos compromissos.

Sou de luta e de flores
e faço das palavras, minhas armas fiéis.

Aprendi a viver meio assim, em zigue zague
torta, desregulada, com nuvens sob os pés.

(Fernanda Costa)

sobre escadas e entendimentos




Sábio de saber que quando venho tempestade, me abrace
Amante de saber que quando venho sorrateira, me devore
Pensante de saber que quando venho discursos, me discorde
Sonhador de saber que quando moinhos de vento, me desperte (ou não)
Lutador de saber que quando venho cambaleante, me levante
Poeta de saber que quando venho silêncios vãos, me interprete

Humano de saber que quando venho notas de música, me cante.


(Fernanda Costa)

Exibicionismo

Excessivamente na vitrine.
Tristemente na vitrine.
Ocioso como num orfanato,
atarefado como num internato.
Há tantas coisas por se fazer
tanto que não se faz nada.
Então aprendo um novo idioma.
Mais um que me qualifica
como próprio para consumo.
Culpa do design
que sempre está ali
com seus modelos másculos,
mais vitrinosos
do que, obviamente, chegaria a ser.
Eu bem sei disso, talvez mais que o mercado,
que vende seus estilos
usando das nossas fraquezas sentimentais.

Meu alter ego poderia ser Louis Garrel
se lógico, entendesse de alter egos
e já fosse Louis Garrel sem o perceber.
Os cabelos crespos,
os olhos castanhos claros
a brotarem de mim.
Depois, a empáfia
de se vestir
abrasadoramente
tentando as virgens a correrem
para o banheiro se masturbarem.
Seria tão desejado
que por fim
acabaria por não querer nenhuma.
Um dia haveria de querer,
caído num amor bêbado,
aonde se compõem
sexo, amor e um pouco de intriga
incitando os pensamentos
de solidão e imprescindível presença
daquilo que possa me deixar a qualquer instante.
- Quem se pronunciará diante às coisas que falo?
Há tempo para tudo.
Tempo de ficar por mim,
outro,
de ser por ti.
 
Derivações 

Há tempo para tudo.
Tempo de ficar por mim,
Outro,
de morrer por ti.

*

Há tempo para tudo:
Tempo de bater pra mim,
Outro,
de bater pra ti.

Outro mundo

Blog de almalivre :Alma livre, Outro mundo


Ao perceber a presença do próximo, a esperança já surge espontaneamente, uma palavra de conforto, ou um simples comprimento já é de enorme valor.
A mão estendida firmemente é sinônimo de que ninguém está sozinho, um sorriso aberto é a melhor nota de abertura nesse jogo, chamado vida.
O abraço proporciona conforto e proteção, porque não ter sempre um para dar e outro pra receber?
A felicidade estar em ser mortal e viver os dias com a certeza de que cada amanhecer sempre será único e não há como voltar atrás e fazer diferente.
O relógio não vai parar de trabalhar pra que a mudança trate de acontecer, por isso acorde e comece hoje para que amanhã alguma coisa seja diferente do que era no dia anterior.

(Hildeana)

Sábado de Sol



estrada
casa
rede

ônibus
não-dinheiro
caminhada


acaso...
caso
sol:


gente
fumaça
mar

brilho
mergulho
frescor

azul
reflete amarelo
ah...mar!

(Nani)

domingo, 30 de outubro de 2011

Um Pouco do Veneno




E quando eu olhava naqueles olhos azuis, tinha vontade de mergulhar fundo, fundo, bem fundo no mar de tristeza daquela alma e salvar seu coração. Para fazê-lo parar de sofrer, para roubá-lo pra mim. Mas, isso não me faria à heroína, me faria à vilã.


O coração dele já havia sido entregue a outro alguém.
O problema é que eu havia entregado o meu e agora não sabia como reaver.


E não ajudava nada vê-lo morder aquele canudo da minha caipirinha de morango que ofereci um gole e ele tomou toda pra si, enquanto pensava seriamente sobre o que fazer com todos os problemas. Eu quis dizer joga tudo pro inferno e vem comigo, mas não fiz nada. Apenas sentei naquela mesa, ignorei o som alto demais e fiquei olhando pra ele, imaginando que gosto tinha a vodca quando se bebia no beijo dele.


Que diabos ele fazia aqui, afinal?


Porque, quando eu terminei de passar o rímel gelado pelos meus cílios, e Cecília me contava qualquer um daqueles casos de amores fácil demais dela e Amanda ria dos seus sapatos novos e desconfortáveis, eu havia decidido que aquela noite era inteiramente nossa. Eu deixaria meu coração em casa e meus quadris gritariam: eu quero esquecer um amor, música me ajude!


Mas, parece que ele estava decidido a arruinar tudo isso.


Então, não bastava que a namorada dele morasse no meu prédio e eu precisar sorrir para ela sempre que a encontrava no elevador, ele precisava passar no meu apartamento sempre que vinha de lá, só pra dizer oi, só pra sorrir, só pra tomar um café e ficar só um pouco-porque-está-tarde-e-eu-não-quero-te-incomodar. Só pra se certificar de que o rosto dele estava de mudanças definitiva pros meus sonhos.


Não, é claro que não bastava.

Ele precisava chegar com aquela camisa branca que eu adoro e se encostar-se à parede de frente à minha porta dizendo que não sabia mais o que fazer, que amava, mas não agüentava mais sofrer, que odiava brigar, me perguntar o que ele estava fazendo de errado só pra me ouvir dizer que o problema não era ele, era toda essa situação.

Então ele me viu toda arrumada e ouviu Amanda me gritando sobre como aquele lugar estava bagunçado e onde eu arrumava saltos confortáveis. Riu sem graça. E doía ver que ele estava mal, mas doía mais ainda saber que continuaria doendo em mim depois que ele se entendesse com a namorada.

Mas, confesso: quando vi já o tinha convidado pra ir conosco. Engraçado que mesmo vendo claramente uma noitada de garotas-solteiras-prontas-pra-detonar, ele topou. Assim que apresentei as meninas o nosso convidado extraordinário, elas o odiaram. Primeiro, porque amigas sempre odeiam os caras que fazem as suas amigas sofrerem e, segundo, porque elas queriam muito que aquilo fosse um encontro, mas sabia que não ia ser se estivessem por perto, e elas não iam ficar longe.

Mesmo assim, todas sorriram e o convidamos a sentar e saber mais sobre como as meninas são antes de um encontro. Ele riu, e era bom saber que eu ainda o fazia rir, mesmo que o olhar fosse quase como implorar para que as lágrimas descessem, borrando toda minha maquiagem.

E o que imaginei que seria uma noite cheia de quadris soltos, acabou se tornando quase um tango leve. Eu até tentei dançar com as meninas, mas vê-lo parado com uma cerveja na mão, meio que fugindo das luzes piscantes, olhando pros lados procurando nos olhos de alguém como se comporta alguém que não sabe dançar, mas topa ir pra uma boate... Simplesmente fui até lá e fiquei por perto.

Quando vi, eu estava atrás dele, com minhas mãos nos quadris duros tentando ensiná-lo qualquer coisa sobre dançar enquanto ele ria envergonhado de tudo aquilo e eu fui ficando tonta, não sei se pelo perfume dele ou pelas luzes piscando vermelhas e violetas e verdes. Então ele me chamou pra sentar ali naquela mesa e concordei, não sei por quê.

Ele tomou o ultimo gole, fazendo aquele barulho de quando as coisas acabam e o canudo grita por mais, levantou e se sentou do meu lado. O rosto dele ficará tenso. - Eu vou terminar. - disse, naquele tom de decisão que dói. Eu tomei um susto imenso. Meus dedos soltaram-se da mesa e minhas sobrancelhas tentaram se beijar.

E então meu corpo foi invadido por uma esperança meio vaga, meio torta, mas que lá estava. A alegria estranha de quem vê a luz no fim do túnel escuro. - Tem certeza? - eu quis confirmar e precisei controlar um sorriso. - Não! É claro que não! Eu gosto demais da Marília, não me vejo sem ela... Mas, também não suporto mais tantas brigas... - e então eu o vi desviar o mar azul para um ponto qualquer.

Tive a impressão que via o mesmo que ele quando coloquei os meus olhos naquele ponto. Eu via um casal feliz, que se amava, que superava todas as diferenças em nome de estar ali, junto. Eu vi amor e doeu. Porque toda a minha esperança havia dissolvido dentro do meu sangue e só me restava uma coisa: ser a amiga que ele precisava agora.

Então engoli o choro ainda na garganta e fiz o que fazem os bons amigos. - Então não termine, oras! Diz-me, Allan, não vale mais a pena lutar? Todos os momentos bons não são suficientes pra superar uma fase difícil? O que você vai fazer com todo esse amor se terminar o namoro? - e eu vi um sorriso no rosto dele quando terminei. Eu tentei imitar. - Eu vou pedir desculpas agora! - ele disse, levantando-se num tremor estranho e me olhando. - Obrigado, de verdade. - e ele me abraçou, comigo ainda sentada.

Depois eu o vi mergulhar na multidão e sair dali. Em direção ao amor que eu e ele sabíamos ser o dele. E apesar de vê-lo partir, assim, todo alegre para outro alguém, uma satisfaçãozinha pousou sobre o meu ombro e eu a deixei ficar. Era bom ter um pouco de companhia antes de mergulhar na tristeza novamente.

(Ilzy Sousa)

sábado, 29 de outubro de 2011

traço/bola




toc toc
zzzzzzzz

toc toc toc toc
zzzzzzzz

bum bum bum
zzzzzzzz


BOOOOOOOOM



ON.


[é tudo uma questão de saber ligar.]



(Fernanda Costa)

Mundo Livre S/A - Se eu tivesse fé


Novo clip da banda Mundo Livre SA de Recife, lançando o album: Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa



Camomila



No berço em vem em sonhos incomodar-me
fome e sede vejo nas garras do teu olhar
longos cabelos ao vento, tira-me pra dançar?
seria a valsa olho no olho para matar-me?

Tua pele macia, minha estrada pra perdição
é a voz doce que decreta-me ao calabouço
dissolve-me, maltrata-me nessa prisão
sem pão, sem água e uma corda no pescoço

És uma ladra!
não percebeste que com maldade me crucificou?
pisa neste coração que te idolatra

Noites após noites de estagnação a me açoitar
pra toda esta angustia tu tens o veneno
é chá de camomila pra me salvar?

(MarcoFoyce)

Requiem de um velho pianista



Som psicodélico, trilha cega do tormento
canção do alto da janela do sobrado
harmoniza a rua úmida e escura - no relento
humilham-se os animais da noite com seu pecado

Melodia que escurece as vestes alvas da luz
momentos medíocres, ilusões febris de felicidade
migalhas em nossas vidas condizem a verdade
carregando uma pedra acima da cruz

harmônica tristeza, um arrasto santo do profano
escuridão da alma do pianista solitário
lavando suas magoas encurvado sobre um piano

Chagas nas tavernas, errantes e sem sorte
conta a historia do pianista em seu réquiem
de braços dados andando com a morte


(MarcoFoyce)

Poeminha das 23h59



Na primeira vez que te vi
você estava apressada
e não pedi para ficar.
Agora com mais calma,
quero pedir pra ficar com você.

(MarcoFoyce)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Catarse


Essa noite
Pouca luz
O que seduz?
É aquele passado
Aquele abraço
Aquele carnaval, aquela catarse que a gente tinha
Aquela canção
que ficou guardada
aqui no peito.

Bia Magalhães e Vicente Vince

Intocável


Não consigo me ver como um fantoche desses meus sentimentos ocultos. Venho aqui mais uma vez em um pedaço de folha, que pela qual é a única em que confio por total ultimamente, mostrar meu imenso receio. Estou arrependida dos detalhes que a vida me proporciona, venho hoje lhes divulgar o respeito adquirido por mim nessas minhas caminhadas obscuras para que lhes sirvam de alguma forma como uma lição. Mostro a vocês um rosto encharcado de uma pureza assim apreciada pelo meu sangrento coração, uma pureza lotada de decepções. Me falaram varias vezes o porque do meu sofrimento, bom terapias baratas, que não anestesiava em nada a minha dor, todos me mostravam sem alguma exceção que tudo pelo qual estava passando fazia parte da vida em que todas pessoas em alguma fase dela teria que sofrer certas conseqüências para se sentir viva, mas viva como? Não gosto de me sentir assim, prefiro minha suave morbidez, Por que desde em que me entendo como humana me sinto morta a morte sim que me persegue desde os meus dezoito anos, ela concerteza é a minha fiel amiga.Tudo isso me enfurecia em partes porque eram tantas afirmações, mas nenhuma de certo chegava na conclusão que espera saber o porque de tudo esta acontecendo ao mesmo tempo, sem se quer pegar a minha autorização. Ninguém de fato me respondia de onde advinha tantas afirmações.

Me achei varias vezes a pessoa mais impura do mundo por ter certos pensamentos que não combinava com os das outras pessoas parcialmente normais, impura também por não afirmar minhas paixões, sempre disciplinada ao mesmo tempo desleixada. Hoje estou bem, melhor pelo fato de conseguir acreditar em mim, me sinto uma intocável por acreditar em enxergar que errei, acreditar em minhas lutas em que enquanto o manto da vida não cobrir meu plácido rosto continuarei trilhando em uma estrada sem fim, vinculada as minhas razoes que lutarei por elas ate conseguir viver novamente .


(Myrla Sales)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Casal



O vento balançava os pés de manga
O vento dançava em ritmo de samba
O povo abri a janela para deixar entrar o vento
Alegria estampada com a mudança de tempo
Muitos diziam: Que ventinho bom!
O vento anunciava que ía chover
Assim como o céu em outro tom
E logo a chuva caia sem freio
O povo parecia estar em recreio
Um intervalo sem aquele sol forte
O frio era uma confortável forma de calor
O povo ali só Queria um lençol e um amor

Calor,Calor,Calor !
Já amanheceu o dia
O sol já está com sua companhia
Está agarrado com uma menina
Que se chama Teresina
Diz que vai casar
Diz que para sempre e mais forte vai amar
A fogosa Teresina
Diz que a ele,ela se destina
Teresina as vezes trai o sol, com a chuva,com o frio e com o vento
Mas todo mundo sabe que ela ama aquele cabôco amarelo e calorento

(Lorena Nôleto)


A poesia gira!
gruda!
e se rebela!
Em mentes inquietas
dos que buscam se permitir
expressando a rebeldia
das liberdades coletivas!
Do baixo Paranaíba ao alto Potí
Vamos que voamos
Poetas por Vir!

(Mário)

Preciso



Preciso de um novo amor
que seja doce,seja amargo
mas que seja um novo amor
aquele que tem sabor
que tem perfume de flor
só preciso de um novo amor
preciso de um novo amor
que seja alegre,
triste mas me alegre
que seja leve
e me leve
a nas nuvens andar
Preciso de um novo amor
que me tire o ar
me tire do ar
que dê suas mãos as minhas
pra caminhar
Não preciso de muito
só de um novo,aquele novo amor.

(Letícia Paganoto e Tayago)

Destino sem destinatário



É estranho pisar o chão quando se anseia flutuar
Tentar encontrar palavras pra expressar sentimentos que você prefere guardar só pra si
Ver refletir no espelho a expressão desfeita de um amor que parecia eterno
Fazer reluzir no outro a certeza de que nem sempre coisas do destino  precisam prosperar por toda uma eternidade
Tentar ajudar a consertar um coração que foi você quem destruiu, desfazer a obra de arte que foi você quem esculpiu
Evidenciar que cada passo dado e sentimento demonstrado será eterno mesmo após o fechar das cortinas
A crença em outros ares, rumores e lugares , a busca de uma plenitude maior, de uma verdade melhor
Acreditando sempre na máxima de que decisões importantes geram consequências igualmente suntuosas , e que por mais doloroso que possa parecer , é preciso isso para se voltar a crescer.

(Ana Nogueira)

Segredos à natureza



Disse ao vento sentimentos
que desejo que ele leve para longe de mim.

Disse a chuva sujeiras
imundices minhas
das quais quero me lavar.


Aos céus, falei meus erros
que foram como trovões
nas vidas alheias.

A terra eu não disse nada
mas o meu silêncio foi como
enterrar verdades.

Verdades que não disse a você
pois não queria te magoar.

(Tayago)


(Mayara Valença)

Preta - cordel do fogo encantado



Das reuniões sem convite nem data



Mordam-se discursos e notas musicais, engasguem! Silêncio é o único privilégio egoísta direito universal. Na droga do silêncio, que é universo, cabe tudo. Ele te salva quando não há como falar, não há mais o que falar. Pede preço, sim, por que tudo tem - uma alma em troca, pode ser a sua ou não. Ele não decide se é vilão ou mocinho.
-
Por trás das caras torcidas,pintadas, queimadas, botoxizadas e duras de sol, de sal ou de fel, lá está, roendo a pobre da alma - coitada! Tanto aproveita todas as situações, fica com quase todas as fatias das entrelinhas por onde o verbo costuma passar. Palavras são rótulos tão pequenos que não abarcam tudo, aliás, abarcam quase nada.
-
Mas, chegará o dia que as caras torcidas, queimadas, botoxizadas e duras de sol, de sal ou de fel, com o silêncio escondido roendo a pobre da alma - coitada!, sentirão um tremor mandado pelos pelos pés e logo sairão à praça.
-
Caindo máscaras no chão, os não-falantes-desmascarados - mãos dadas - gritarão todo o silêncio que tem e arrastarão todas as mágoas e louvarão todos os amores, amaldiçoarão todos os amores, consciências pesadas, alma trapo, com risos e chistes e soluços presos e as letras de um serão as letras de todos, e a minha dor será a tua dor, até que o silêncio volte a ficar mudo.
-
Logo as caras voltarão ao lugar de origem, por fim!
e o silêncio temendo os tremores nos pés.

(Flora Fernandes)

Só um dose de uísque não vai me bastar agora.

Se veneno eu tomasse seria como água.

A comida que me chega enche meu corpo, mas não alimenta meu espírito.

Parece que o ar não enche mais meus pulmões de vida só cinzas e medo.

Meus músculos se enrijecem com o menor contato, e meus ouvidos se fecham para a hipocrisia.

De que adianta amigos que mudam de calçada na sua presença?

De que adianta tanta informação se nossos olhos estão encobertos pela falácia do sistema?

De que serve construir um muro a sua volta que impeça de receber os tapas da vida, mas não te permita sentir as gotas de orvalho e a brisa em seus cabelos?

Nossa armadura, o corpo, está sã, mas a mente está fraca.

Não coma por comer,
não respire por respirar,
não caminhe por uma linha reta;
veja onde os caminhos do lado podem te levar...

Agora...
...Acorde.


Dalila Cristina

Haikai do desfrute


Só vejo,
Só o beijo
Sobejo?

(Laelia Carvalhedo)

Sonoro




Por seus olhos cor de mel
Escrevo neste pedaço de papel
Que meu coração disparou
Sua sensibilidade me cativou
Meus medos...  Os tenho ainda
Dissipá-lo-ei com a sua vinda
A minha vida se enche de luz
Menos pesada é minha cruz
Poder transformador do mundo
Nosso amor será bem fecundo
E nos elevará ao limite do céu
Sonoro eco expandido ao léu...

Alderon Marques

Aquiles



Um passado arrastado
Preso em calcanhares
Muitas terras
Diversos mares
Mas não se encerra o tormento nos calcanhares

As folhas secas
A alma ainda verde
Os passos despreocupados
Andar como balançar na rede

Uma gargalhada interna e solitária
Um sorriso de paz
Os pingos de chuva surgiram na calçada
O sol de repente se tornara incapaz

Pobre sol de luz cansada
Mesmo com tantas alvoradas
Não conseguia tirar o peso dos calcanhares do rapaz

Lorena Nolêto

Necessidade



(Mayara Valença)

Mas, mais que verdade?

Porque espantar o medo com a cortesia da fantasia não abafa a destruição da paz. Errar em direção contrária é perder o jogo antes mesmo de tentar. O que essa vida, provisória, traz além de erros e acertos? A ajuda para reconciliar tanta perdição vem do sangue quente, que mora no coração. Sentada na varada, a alma acompanha os trilhos que cercam a carne, e é de sentimento que se vive a ilusão. É uma propaganda dizer que pensar e sentir é uma regra de que sofre mais. Nem pouco e nem sagaz, a luta por um querer nunca satisfaz. Como atravessar para o outro lado sem perder? Essa é a vida que nos trai.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


A vida corrida
batida em poema
problema comum
anum enjaulado
cansado da sorte
recorte completo
do feto ao momento
inveto as rotas
por portas fechadas
caladas, esfriam
e o amor resumido
em gestos vazios

(André Café)

Loucas vibes


Quando me cutuca com vara curta
sou leão

quando esperava calmaria,
combustão

quando me querias lago raso,
imensidão

e não me leia,
não tente entender

é confundindo a normalidade
que me faço compreender

(Fernanda Costa)

Oasis-Sad Song

Banho


Sujo de ódio
atolado em trabalho
retalho de absurdo
tudo por ópio
em tensa rotina
termina pesado
caiado em lama
ducha ...

purificado

(André Café)


Não quero terminar esse vinho sozinha,

ele não tem o mesmo sabor sem os seus lábios.

Não parece vinho, parece areia que desce e rasga minha garganta.

Ele não mata minha sede, nem acalma meu animo exasperado.

Ele queima e enregela meu corpo, ao invés de me acalentar e me desafligir.

Ta frio e escuro aqui...

Só não quero terminar esse vinho sozinha...

Dalila Cristina (13/10/2011)

No tempo das flores




Me abraçou como poucas,
beijou minha boca,
e se foi.

Pra lembrar
guardarei o ultimo instante,
e se for, nunca mais,
ficarei, ate o ultimo lance,

Foi sem querer,
sem bastar a você,
não servindo a mim, iludi o caminho,
sangrando em meio a flores;

Ao tentar reflorir
cantaste o mesmo som,
e sem sair do tom,
praguejou: vai e não volta;

Correndo eu fui, sem pensar,
o orgulho ferido o ódio nos dentes,
mas voltei e ao te olhar,
Perguntou: porque demoraste?

Me abraçou como poucas,
beijou minha boca,
e se foi.

buscarei o caminho sagrado...
buscarei o caminho sagrado...
buscarei o recanto encantado,
servirei a quem me consome.

me abraçou como poucas
beijou minha boca
e se foi.

(Malcon Barbosa)

Do por vir



quem não fala está sem palavras
sementes de pouco tempo e casca dura
de uma ou duas nasce um jardim...
inseticida pras elipses cheias de espinho

(Flora Fernandes)


 Rubens Guilherme Pesenti

A reza de ontem

Tá tudo bem comigo!

É que eu tinha saudade..
Mas tá tudo bem contigo!

(Rosseane)


Ansiedade e precisão,
Gula e fome,
Força e pressão
Uma faca e uma foice.

-Consome, rasga,
E guarda para si:

[Poemas mastigados
Para engolir quando bem entender.]

(Laelia Carvalhedo)

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA(BURRA)



No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Eu chutei a pedra.
Desmentiu o pé na hora;
"Quem chutou foi a pedra".

Nunca me esquecerei desse acontecido
Na via de minhas rotinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha me chutado uma pedra.
Tinha uma pedra burra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma burra pedra.


(Ítalo Vinícius)

Repente Matuto ao Dr. Letrado



Pode ficar com sua cadeira alta

num tamburete consigo escrever

a bonança do sentimento caboclo

no cordel posso descrever

com versos de boa de digestão

pra gastura da população

que não é menor que você


Já seria um privilégio

ter meu direito respeitado

divulgar meus versos livremente

sem medo de ser mastigado

por você que é 'eleito'

tem diploma, nome feito

academia, um ser formado


tenho discurso cliché

sou gente trabalhadora

não sou menos que você

ou sua esposa doutora

sou traseira de caminhão

poesia de buteco e balcão

verso de pé de salmoura


Bote seu diploma na moldura

com toda sua satisfação

e escreva os seus versos

de doutorado tem aplicação

que não vai falar mais forte

do que quem fala da morte

sentindo aperto no coração


Compre toda a papelaria

sobre teorias pode escrever

na simetria e nas e regras

que levou anos pra aprender

que eu falo de seu Raimundo

que toca todo o mundo

porque é fácil de entender


Não sou da poesia teórica

como o seu diploma concedeu

falo de coisas do passado

da forma como aconteceu

do futuro e do presente

e daquele amor ausente

que nunca olhou pra eu


Me expresso na liberdade

vinda da casa da permissão

os versos que escrevo

sempre vão ter legitimação

quando adoço ou apimento

falando do sentimento

que saiu do coração


(MarcoFoyce)

Nada é tão belo



Perco-me nas horas
Buscando coragem
Procuro as flores mais lindas...
(...) ainda sim nada e tão belo
Desenho sonhos,
Procuro razão para as cores
Ainda sim, nada e tão belo
Festejo esse dia com os pássaros a cantar
Mais ainda sim nada e tão belo
Beleza eu só encontro no brilho do teu olhar

Já compus serenatas
Sorri com a alegria das crianças
Mais nada atingiu a beleza do teu olhar

Nesse dia tão feliz, que nasceu você minha flor de Liz
Não encontrei nada mais tão belo que pudesse te presentear

Então lhe trago meus versos
e misturo com a beleza do teu olhar.

(Lídia Damasceno)

Em movimento



Proveniente de algum lugar distante do brasil
Derivações de tua inocente queixa juvenil
Culmina me localizar num instante, arfante
A comunicar seus sonhos, momento marcante

A desejar ganhar o mundo nessa hora
Sair de casa, largar mãe, mais que sem demora
A vida é uma barra, suportar mil barras
Modelo assujeitada, passarelas de amarras

Visa libertar-se de uma fala maniqueísta
Garota menina em manifestações se afina
Com seus escritos encanta, fascina, alucina
Transforma a ti e a mim no mesmo ato

De inteligência sutil e sempre inesperada
Na parada não, ficas sempre em movimento
Concepção de mundo, real, grande tormento
Crítica, analítica, perguntas “que vida é essa”?

Da maçã rubra fixada, envoltório do rosto
Luz que irradia forte como sol de agosto
Traço sereno, infantil, doce em metamorfose
Como a gentil borboleta pousada no livro

Me relatas que pareço ser tão envolvente
Desígnios e sutilezas das usadas palavras
Uma contenção, a cercear certos avanços
Mantida em tela, intuitivamente alinhavas

Alderon Marques

Teresina poeticamente rebelde

A Árvore da Vida, de Gustav Klimt

Por mais que aperte em plenitude
a nossa voz jamais se cala
que nos apague em comum vala
por nada muda a atitude

Musa sim esse terror
de encontro às armas apontadas
acaba agora esse horror
de vidas zil, despedaçadas

Numa ciranda crua e forte
circular e horizontal
juntos, amigos ao norte
da quimera pura e fatal

Com ternura e altivez
grudando flor em toda parte
rompendo os muros de vez
em poesia, rebeldia e arte

(André Café)

Porque me provoca



De muito longe quis
Eu vou tentar dizer
Que a mentira quis vir me ver
E eu quis ela e a solidão, pois,
Não lutei contra a vontade do meu
Esse lerdo coração, e, quando fui

Só sei dizer que de longe eu te vi, e
E de perto eu senti aquilo
Aquela vontade de correr, ficar
Porque eu tenho coragem e,
De ainda muito perto te querer,
Para muita imperfeição.

(Rosseane)