quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Repente Matuto ao Dr. Letrado



Pode ficar com sua cadeira alta

num tamburete consigo escrever

a bonança do sentimento caboclo

no cordel posso descrever

com versos de boa de digestão

pra gastura da população

que não é menor que você


Já seria um privilégio

ter meu direito respeitado

divulgar meus versos livremente

sem medo de ser mastigado

por você que é 'eleito'

tem diploma, nome feito

academia, um ser formado


tenho discurso cliché

sou gente trabalhadora

não sou menos que você

ou sua esposa doutora

sou traseira de caminhão

poesia de buteco e balcão

verso de pé de salmoura


Bote seu diploma na moldura

com toda sua satisfação

e escreva os seus versos

de doutorado tem aplicação

que não vai falar mais forte

do que quem fala da morte

sentindo aperto no coração


Compre toda a papelaria

sobre teorias pode escrever

na simetria e nas e regras

que levou anos pra aprender

que eu falo de seu Raimundo

que toca todo o mundo

porque é fácil de entender


Não sou da poesia teórica

como o seu diploma concedeu

falo de coisas do passado

da forma como aconteceu

do futuro e do presente

e daquele amor ausente

que nunca olhou pra eu


Me expresso na liberdade

vinda da casa da permissão

os versos que escrevo

sempre vão ter legitimação

quando adoço ou apimento

falando do sentimento

que saiu do coração


(MarcoFoyce)

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