terça-feira, 22 de novembro de 2011

Fobos e Deimos


(Pra ler ouvindo Miedo - Lenine & Julieta Venegas)


Tenho medo
Tudo que sou e vivo é medo
Sou insegura e me equilibro numa linha tênue
Que, a todo o momento, tendo a imaginar desintegrando-se sob meus pés
Meu olhar é baixo, meu semblante calmo
Não grito, não demonstro emoção
Tudo dentro de mim gira em um orbita alienada aos acontecimentos lá fora
Choro silenciosamente
Engulo em seco
Mordo os lábios
Estou tensa
Ai está de novo a ansiedade a me fazer refém de suas garras
Só sinto medo
E porque não sentir,
Tendo a achar que meu mundo é tão frágil
Quanto a minha tentativa frustrada de parecer forte
Sou medo
Ele paralisa meus membros, não posso correr, nem me esconder
Quero deixar tudo vir à tona
Tento sentir e deixar transparecer
A raiva
O ciúme
A tristeza
A dor
Mas tranco a boca
Reprimo as lagrimas
Ergo a cabeça
E estampo um sorriso amarelo
Não engana ninguém, mas eles estão satisfeitos,
Não querem perguntar nada além de um “você está bem?”
E quando digo “estou bem” se contentam
Acreditam na mentira forjada tão porcamente pelos meus lábios trêmulos
Não querem mais ouvir
Tranco-me novamente
Fecho as cortinas
Apago a luz
Deito-me
E choro
É assim
O fim triste dos meus dias
Mas nem a alegria é expressa em sua plenitude
Sou contida
Tenho medo
Chamam-me louca pelas ruas, digo não ligar
É mentira também, quem sou eu pra negar
Só eu sei a verdade sobre mim
Gostava disso
Mas preciso dizer
Preciso gritar
Esbravejar
Sangrar
Não vou morrer
Já sei disso
Não preciso temer
Mas por que insisto?
Tenho medo
Do que? Eu pergunto o tempo todo, da dor? Do sofrimento? Da ferida antes de cicatrizar?
Já passei por tudo isso e venci, não tenho mais porque temer
Mas temo
Que insanidade a minha, tudo está ai, tudo já foi vivido, então por quê?
Tenho medo
Tenho medo de temer, de ficar louca, perder o juízo
Tenho medo de me transformar naquilo que tanto detesto
Tenho medo de ser feliz
E tenho medo de que a felicidade seja roubada de mim
Mas onde estou
Não consigo alcançá-la
Tenho que sair
Sair de mim
Do meu casulo
E viver
Mesmo com medo

(Nynna Zamboti)

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