quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Parcelas Suspensas no Mundo do Ar IV


Converto o balanço da rede 
no balanço de uma canoa
pescador sentado na proa
no sol morrendo de sede

Seu trabalho, o ganha pão
rio de esgoto agora é
seca e lama, agua pé
bale de peixes em mutação 

Disfarça, palavra pouca 
rede rasga em muturo
fome grita no buxo o futuro 
tremula em voz rouca

Piau engana anzol
malícia mora no rio
Fogueira engana o frio
na rede, um lençol

Madrugada, batida de violão
Peixe no espeto, falta
a lua bêbada, alta
percussões no coração

Acordes boião no vazio
assim como a sua mão
está o seu coração
mais seco que aquele rio

(MarcoFoyce)

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