terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Carne

G. De Chirico, L'archeologo, 1926-27


De milênio em milênio
Vou volvendo meus olhos
Tornando turvo aquilo que era brilho
Fazendo assim do lado escuro
Um eclipse de mim
De milênio em milênio
Eu fecho os olhos e finjo dormir
Na ousada certeza de que
É volvendo-os para dentro de si
Que o mundo vira carne
E o espírito adormecido desperta
Depois entende e sorri.
Daí eu acordo e olho
Olho pra dentro de mim.

Neemyas Kerr

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