quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Foco



Foco-me, desloco
Café e textos
Saudades e gritos na alma
Lembro dos bons momentos
E os descrevo em meus trabalhos
Foco-Me e me desloco para o que não tive
Para o que nunca serei
É o que me da forças para tentar ser
E se o café acaba os textos perdem o rumo
E se encontram no meu único ponto de referência
Você

Mais Uma Noite


Rodeado pelas paredes do meu quarto
Perdido entre o deixar e ter
Sufocado pelo capital
Humilhado pelo passado
E as asas cortadas
As garrafas quebradas
Mais se as paredes se desmontam e viram pássaros
E se passo a ter
E se o capital vira apenas frases de um novo estado que nunca vingara
O passado fica apenas com o passado
Minhas asas abrem
E da garrafa que se monta sai o mais saboroso e ingênuo vinho
É por que achei uma foto sua para me iluminar nessa noite
Imagina se você aparecesse aqui agora?

SEXTO SENTIDO



O OLHAR DESVELA
O TATEAR ACARICIA
O CHEIRO SENTIDO
DO GOSTO INCERTO
DO ESCUTAR PERTO
CORAÇÃO ABATIDO

POR ALDERON MARQUES
DIA 29/02/2012

[Para quando Você despertar.]

Abra as janelas da alma,

Que luz do Sol há de bater

E aquecer tudo de dentro;

Mas abra bem cedinho,

Bem assim que o Sol nascer.

Deixa a alma respirar!

[não é de todo mundo

o feitio de viver apertado

dentro d'um corpo.]

-A carne é escura por dentro!

Escura e molhada.

Deixa a alma ouvir barulho

Sentir vento,

Levar pingo, e num susto

Avermelhar e dar um pulo

De espanto ou sobressalto:

-Tá com medo, Alminha?

-Qual o quê, foram apenas passarinhos!

Laelia Carvalhedo
SOU O QUE SOU

Canto, sim, a minh’alma!
Porque a minha alma sou eu,
E eu SOU O QUE SOU.
O TEMPO COMO ALIADO

Ah, como meu trabalho é diminuto!
Não tenho que esperar mais por alguém
Já com a comida no prato
E a água de banho quente;
E nem qualquer outra coisa,
Seja cama arrumada
Ou casa passada a pano.
Por isso os dias se tornaram suaves:
Tenho tempo para assistir,
Ouvir música,
Ler em meu aconchegante quarto
E até mesmo dançar.

Hoje tem Luar


O teu aroma cálido e amistoso

Se junta ao teu olhar misterioso

Faz-me te querer de novo


Nas noites tórridas

Quando nossas almas estão laçadas

A minha fera é liberada


Nessas noites efêmeras

Quando o amor invade toda a atmosfera

Ela é destinada só pra caricias

Não toquem as mesmas fitas


Só pra saber se apaixonar

Mesmo que seja só em um luar

Amanha o sol vai levantar

Sem mais demoras

Chegue mais perto e vamos nos beijar.

VIVER É CRESCER

Não penses que lamento
Quaisquer experiências
Que vivi até aqui,
Fossem boas
(engendradas pelos deuses da fortuna)
Ou más
(tecida no fio emaranhado da urdida).
Ambas têm para mim valor simétrico:
São elas que despertam na consciência
A visão do caminho a frete
Que se liga a outros caminhos
A serem desbravados com força e resignação.
Viver é crescer.
E deveras cresci.
SEGUE EM OUTRA DIREÇÃO

Não terei por amor
A mulher que tem no coração
Outro homem.
Se não valoriza o amor que lhe tenho dado,
Expressão do que há de mais belo em mim,
Não há mais sentido de fica do meu lado.
Agora só nos resta a separação
Sem despedida e sem lamento.
Se o rio no qual se banhava e se refrescava
Não reflete mais tua imagem porque turvou,
Segue em outra direção para se banhar em outro rio
Que, ao refletir teus desejos e anseios
Devolva-lhe o prazer de se ver completa nele.

Suficiente


A gota de uma chuva

A faísca de uma chama

O pedaço de uma cama

Alguém que lhe ama


Um verso de poesia

O acorde de um violão

Um grão de areia da praia

Uma pedra de todo o chão


Uma veia do coração

Uma hora de todo o teu dia

Um abraço que me dê alegria

Algo sincero que acabe com a nostalgia


Um beijo interrompido

Um sonho comprido

O que aconteceu com meu cupido?


Um caso efêmero

Que desperte a fé dos descrentes

Uma estrela incandescente

É tudo que peço

Será muito esmero?

CAMINHO DO MEIO

Como a juventude é engraçada!
Sempre correndo desvairada,
De dia ou de madrugada,
Em busca de realizar os íntimos desejos,
Alegando que a vida é curta e não demora a partir.
Ah, quanto de ledo engano
Conscientizar-se-ia a alma imatura
De estar vivendo
Se do presente vislumbrasse,
Sob a claridão da luz,
O porvir que a espera.
Assim meditaria atentamente
Sobre as palavras da sábia alma
Que, aos pés do altíssimo, assim profetizou:
Anda pelo caminho reto
E não te inclina nem direita, nem da esquerda
Porque em nenhuma das extremidades a luz chega.
FIDELIDADE DUVIDOSA

Feito o pacto
Sob suposta mútua confiança,
Seguem ambas as almas
Com a certeza de que o acordo será honrado.
Mas quem garante que nos dois corações
Fulgura o mesmo desejo?
O AMOR É PARA SE SENTIR E VIVER

Às vezes sinto-me impotente
Diante da impossibilidade
De meus sentimentos descrever
Com precisão e fidelidade.
O erro é evidente
Quando desejamos o amor descrever.
Mas o amor no cume de sua sublimação
Está inacessível à descrição.
O amor é para sentir e viver.
E como sinto-o em toda a sua magnitude
Toda vez que meus olhos
Encontram os teus.
Esta manhã nunca devia ter existido.
Mas o erro foi achar
Que tudo tende a terminar
Exatamente como imaginamos.
O passado e o presente
São sonhos distintos:
O passado,
Uma estrela vista da escuridão;
O presente,
Uma estrela vista do clarão.
Se o passado é apenas um instante na memória,
Por outro lado, o presente é este enleio
Que me cerca e anda ao meu lado.
DANÇA MÍSTICA DO AMOR

A dança mística do amor ficou presa no passado
Sob os escombros dos momentos mais lindos
De duas almas em harmonia cósmica,
Cujos momentos intensos se configuraram em fragmentos
Na mente e no coração.
Ainda que o tempo a tenha levado para bem distante,
Guardo no peito a certeza do reencontro.
A distância despertará em ti
Que um amor em abundância e regozijo
É uma dádiva.
E quando as lembranças mais belas
De um passado próximo,
Vividas com pureza e verdade
Avivar em sua memória,
O véu de Isis cair diante de seus olhos,
Tu voltarás para mim
Para continuarmos, enfim,
A dança mística do amor.

PERFUME DAS LEMBRANÇAS

Me encontro mergulhado
Nos pensamentos
Embriagados com o perfume
De tuas lembranças.
Pergunto-me onde estarás
A essa hora da noite
Se em casa ou em algum bar.
A incerteza da leveza dos teus pensamentos
Que pairavam sobre mim toda noite
É o que machuca o meu peito.
Não quero outro alguém
Envolto em teus lençóis macios
Que não seja eu.
Todos os dias olho para o céu
Na esperança de vir
Cruzar-lhe sua imensidão
Uma estrela cadente,
A fim de fazer um pedido:
Volta, minha mulher namora!
Para continuarmos o amor maior
Que era festejado por todos
E que era motivo de alegria
Entre os anjos lá do céu.
Há quanto tempo guardo no peito
Infortúnio de uma existência
Que rejeita a sabedoria
De aprender com as lições da vida.
Quanta desonra infligi à alma
Por ignorar que a força para levantar,
Para correr e para voar
Borbulhava dentro de mim.
O homem tem que ver além da existência maculada,
Analisar para compreender seu universo interno e externo;
Eis a condição necessária para evitar a autoflagelação

Amor Gris


Há falta de cor

Há uma pitada de dor
E um pouquinho de calor

Há um amor interrompido

Um coração entre panos escondido
Há vontade reprimida

A busca da cura de uma ferida


E pra enfeitar

O teu amor gris

Eu sou um giz.