segunda-feira, 30 de abril de 2012

Chove ...


Um cheiro bom de terra molhada pela janela
nenhum apego para viver mais um dia
apenas me descansar entre pensamentos e olores

o chão seco agora triunfa bebendo a água da chuva
que turva tanto o horizonte quanto o altar dos meus desejos:
deitado, me abnego do dia
quem sabe aguardando também torrencial providência
para lavar de mim as indagações, para leva de mim os desesperos
para livrar de mim o véu do ardor

chove, turva e infesta meus sentidos
é a natureza conspirando minha cura
é minha cura sendo o último ato em vida

André Café

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