sábado, 21 de abril de 2012

Em três atos

"Na madrugada escura à sombra de mesas, cadeiras e quadros pretos na parede derramados sobre o negrume intocado em que talvez tenha começado o teatro."


Primeiro Ato

Um copo se quebra,
um corpo se fecha,
uma morte espera
na porta à direita. 

Um beck tragado,
três risos confusos,
um mar de miados, 
um corte profundo.

Um copo roubado,
uma estrela cadente,
uma boêmia insistente
primeiro ato encerrado. 


TE-A-TRO


Desde que Téspis deu a cara e a coragem de subir em um palco pela primeira vez, outras criaturas também obtiveram  mesma audácia. Ousaram. Criaram. Interpretaram, fizeram. O primeiro ato é um colóquio de cutiliqué, é o ato da apresentação, da perfeição, da vida bendita.


Segundo Ato



Saindo risíveis, 
de vidas furtivas,
sorriem enlouquecidas
de doçura e temperos. 


Criadores de casos,
criadores de universos,
os acasos complexos
de um ato teatral
de um drama ilógico
no sorriso da atriz




Era destemidos sorrisos,
eram frenéticos gritos
eram a sensibilidade à cor
era o calor de estar e ser
aquele proposto a ter.


Então fez-se trovoar,
os instintos sentidos,
fazendo a pele queimar
os lábios racharam-se,
feito rochas em ondas
Fecha-se então, 
o drama
 fama
do segundo ato.
TEATRO


O segundo ato define o drama, como quem faz a cama de uma criança. É a viagem erudita das palavras no movimento do c.orpo, é o leve penar dos personagens que agora se preparam para o ato final, que resulta-lhe tanto em vida ou morte.
TEATRAR, ato do Teatro




Terceiro Ato


Vidas vazias preenchidas
de outras pessoas que nunca viram,
nem daqueles que nunca sentiram


Vidas vazias sofridas,
marcadas algozes de si,
feito tristeza de lago dos cisnes
feito romantes malditos


A BELEZA AINDA SALVARÁ O MUNDO!


Exclama-te afoita,
feito trêmula da carne,
que esboça um ato
dos personagens destinados


Tratou-se de inventar
 distintas sensibilidades
diferentes texturas
distintas atmosferas
distintas vidas criadas,
na arte de se reinventar


Dos finais felizes,
poucos se faz,
dos romances perdidos,
no obscuro do teatro
que nos faz ofendidos
por um ato proclamado.
E daí se encerra
a cena do terceiro ato.


Atingir o orgasmo teatral explorando todos os sentidos do mundo: tato, visão, audição, olfato, paladar, equilíbrio é o ápice da encenação e petição da morte.





Raíssa Cagliari; 21/04 sentindo imensa saudade do Clube Noir. T_T

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