sábado, 14 de abril de 2012

QUE OS SINOS DOBREM

Toquem os sinos
Preciso sentir
O seu retumbar em mim
Para saber que minha partida
Tem que partir.
Não sou forçado ver tudo isso
De bom grado.
É lamentável que o fulgor que alimentava a alma
Esteja posto à mesa
Para os devoradores de sonhos se alimentarem.
Vedem-me os olhos!
Preciso passar por essas estradas
Como quem tem os olhos vedados
Para as coisas visíveis,
E o coração não sinta ao ter
Dos olhos a visão atenta,
E não sangre em demasia
Ao ver a conquista do outro
Que devia ser minha.
Amordacem-me a boca
Para que eu não emita
Nenhum discreto grito
Quando a mente imaginar que à alma falta algo.
Isso não é nenhuma brutalidade
Para quem há muito já se sente estropiado,
Entorpecido, paralisado
Sem forças e ânimo
Para reconquistar a própria vida.
Eu sei: já brindei o mundo
Com canto menos dolorido.
Na vida há reviravoltas em algum momento.
Embora eu esteja aqui a rasgar com ímpeto o peito
E colocar para fora as entranhas do meu sentimento,
Não me faço de vítima,
Nunca esperei da vida
O que da vida não se pode ter.

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