sexta-feira, 20 de julho de 2012



Ambos seguravam o tempo com todas as forças que tinham nos dentes. Eram uma geração inócua, desprendida, desprotegida. Vivendo sob o arranha-céu do sucesso dos outros.

A primeira, nunca se parava para tais criaturas, a não ser quando um se entregava ao mundo apenas para saber que existiam e provavam assim, que eram a engrenagem do mundo mesmo vacilando, descalços, numa imprópria sensação de poesia maldita. Seus corpos frágeis dançavam um samba de Noel Rosa e mesmo a noite sendo calma e melancólica, nunca pararam...

Ah, estes dois! Eram os poetas cujo o espirito mal cabia na carne. Dormiam, acordavam e morriam estrofes, doces ou amargas. E seu tédio não era a quietude do corpo (afinal, não paravam nem para seu descanso, desvencilhando assim a morte), era a quietude da alma que sempre se calara diante da imensidão de pecados dos corpos em carne crua.

Raíssa Cagliari

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