segunda-feira, 30 de julho de 2012

Identidades



Áureo João de Sousa. Teresina-PI, 12 de Julho de 2012.


Estava sentado
na pedreira da existência,
assuntando as águas da fonte,
que umedecem os corpos
e movem os fluxos da vida.

Ao canto de uma pedra,
ergueu-se uma Sereia,
uma voz ecoou,
vindo, não sei ao certo;
perguntou-me:
Quem é você?

Ante as pedras,
sob as forças das águas,
do sopro dos ventos
e da argila vermelha,
eis que eu também interrogo:
Quem sou?

Em anomia,
como um menino assustado,
sob o encanto de sua divina voz,
ó, grande oráculo,
sabes o que tenho a dizer,
só para impressionar,
o que sua sabedoria dispensa de ouvir.

Sou filho da regência do trovão,
na justa medida e conduta;
Feito ao fogo do raio
que rege o devir e o por vir,
profundo e raso, em altura e largura.

Sou filho de Oxum,
banhado nas águas
férteis e fecundas,
guardado nas essências dos lírios;

Sou o canto do sabiá,
encantado,
que encanta as matas
em cada canto que canta.

Melhor dizendo,
Sou o canto do filhote de sabiá,
desafinado e descompassado.
Desafiando as notas e seu tempo,
não sabe, ao certo,
se canta um canto, um piado ou chiado;
aprendendo.

Sou homo-sapiens sapiens,
Mago, Fauno, Sapo,
que come as abelhas que fazem o mel,
que lhe adoça a vida;
contradição da sapiência.

A mesma voz, em outro eco, imponente;
outra pergunta,
profunda e persistente:
A final, quem-é-você?
Ante essa identidade e alteridade,
Interrogo-lhe e me pergunte:
a final, quem sou?
.

...

Referência:

SOUSA, Áureo João de. Identidades. Disponível em <http://aureojoao.blogspot.com.br/2012/07/identidades-poema-poesia-e-filosofia.html>. Acesso em: 28 Julho.2012.




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