quinta-feira, 12 de julho de 2012

A Musa Perfeita


Poesia, como mulher que é, 
Faz-se bonita sempre ao seu querer.
Faz-se métrica, quando opulenta,
Se faz rima, quando canção,
E come gordas estrofes, quando magro poema.

E a Musa tem barriguinha. Tem celulite.
Já dormiu bêbada, babou sobre o bloco de notas,
Sangrou mil versos quando chorosa, 
Cantarolou trocentas sílabas quando feliz.

Como toda e qualquer moça, já caiu,
E foi letra pra todo lado!

Mas a danada é rápida:
Desajeitadamente levanta,

Penteia os cabelos, 
Sacode o vestido,
E caminha,
Feito Musa que nunca tropeça.

-Mas se você, caro Leitor, olhar bem direitinho e com afinco,
há de notar um joelho ralado.
E que minha Musa manca.
Mas é linda.
E duvido que alguém duvide.

Um comentário: