segunda-feira, 16 de julho de 2012

Notas de uma viagem à Teresina



A estiagem se estendeu por todos os recantos
Rios, bebedouros, prantos
Nem se quer o chiar dágua sumindo se ouvia
A secura era tamanha que abria fissuras nos ar, nos edifícios, nos corações
O pensamento rachava-se. E os sentimentos definhavam a míngua
Tudo piorou quando se quer mais se lembrava do que era realmente água
O prazer do molhado foi substituído por um culto infrutífero da sua lembrança. Depois veio a descrença, e por fim o nada.
Num último instante de lucidez, percebeu-se que aquela falta agora era uma presença constante.
Essa presença provocou prantos.
E dos prantos, fez se um rio.
O rio transbordou e alagou a prefeitura, os parques, os corações.
A cidade assim, desacostumada que estava com a vida, percebeu-se jovem novamente.

Ciro Monteiro

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