sexta-feira, 20 de julho de 2012

Um pequeno relógio francês



Queria apenas um segundo
Que a carne e o concreto
fossem formas de frações de segundo aglutinadas.
E os segundos iriam ao Plenário
Preveriam o tempo, apresentariam o Jornal Nacional,
levariam as crianças às escolas, antecipariam as estações
e ganhariam Nobeis

Desenho um segundo em minha mão
e imagino quantos bilhões de coisas cabem
neste segundo
neste único dígito
que borra minhas digitais
impressas como pegadas
nas moléculas de ar

fraciono este segundo. Regro a gota do tempo.
pressiono o dedo contra a torneira,
ponho um copo, um corpo
Mas o segundo contorna o anteparo
e umedece a face.
Mais um segundo e seria imperador.

quantos segundos tivera Lênin?
Quantos ideais couberam num segundo?
Quanto sangue no ladrilho de Stalingrado?
Quantos passos em um segundo?
Quantos sentidos, amores, temores...
Neste segundo?
Em um segundo a chuva cai
(e é novamente estio)

Manoel Guedes de Almeida
Teresina- 20 de julho de 2012.

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