terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cria criatura


A criatura sem pai;
fiz, refiz, condensei, sublimei uma criatura
da qual não quero paternidade
e sem pai, revolvendo-se em contradições
mas não sou pai da criatura
nem ela de pai precisa
mas precisa de um norte inócuo
para assim sair do alcance do desalinho
sem pai, sem ninho
da criatura que me recriou, suturas falhas
daquilo que reneguei tua visão
daquilo que me negastes o crivo
daquilo que agora me privo
da criatura que criei em mim
do pai que não saberei e nem quero ser de ti
de ti, sendo elemento disperso, num universo dissonante
paternidade flutuante
daquilo que sou, que tu és, criada e criadora
caricatural criatura

André Café

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