terça-feira, 11 de setembro de 2012

Espelhos d'alma



Não vi uma criança
Diante de meus olhos fixos.

Naquele espelho,
Vi apenas um homem,
Figura desfigurada
Do que fui -
Ente de minha euforia
Baseado nas minhas
Insônias a cama madrigal.

Ao espelho, a alma, não vejo
Refletida aos ângulos certos
De minha eloqüência absurda,
Entregando-se a figuras
E pensamentos imaginários.
Sou eu!
Um homem abstrato,
Fato antes de minha novicidade,
Carrego uma folha
Como quem vai retratar algo,
Uma figura irreal de uma realidade,
Certamente, ideal, perfeita,
Próspera pauta de um livro
Arrancada a migalhas em pó
Na sala, fina folha de orvalho,
E ébrio desamante do que
Ainda persiste em existir.

Homem menino,
Sonhador Dom Quixote,...
Assim, eu sou.

Inútil por em fim,
A concreta construção que retém]
Toda a existente figura,
Do homem errante, rangente,
Que ora poliniza as boninas
Ora as silencia, agredi, incomoda e degola -
Simples traço humano
Inclinado.

Ó, poema psicopata,
Retira-me toda tua essência,
Devolva-me toda tua conquista,
Parta teu pão
Como Palha!

Ó, poema fatigado
Retraia teu canto,
Que não precisa ser testado!

Ó, poema sujo,
Que imunda as chacinas
Da cidade, ria do homem
Que se perdeu!

Homem fanático,
Psicodélico, calado!
Sou eu assim.
No espelho da alma
Da minha paciente espera
[ainda vive a criança
Atordoada, silenciada
Como as coleções de selos.

 Davys Sousa
19 de Outubro de 1985 - October, 19th, 1985

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