terça-feira, 25 de setembro de 2012

Noturno



Tudo é triste sob o céu!
Mais que tudo é o coração
Do poeta que se arrasta
Como um verme pelo chão.

Tudo é triste nessa vida,
Sobretudo esta canção,
Que do berço faz a cova
E do abraço a solidão.

Meu talento... Que talento?
Sou cantor que não tem nome.
O meu verso o olvido apaga,
Minha carne o corvo come.

E não há flor que dissipe
Da existência este fedor...
Meu amor ficou guardado
No meu peito sofredor.

Tudo é triste como um sonho
Que se apaga da lembrança,
Como as aves que não cantam,
Como o vento que não dança.

Ninguém viu quando chorei,
Pra que o mundo se acabasse...
Mão alguma se estendeu
Pra secar a minha face...

O que é felicidade?
Se ela existe eu nunca vi...
Se a encontrares por acaso
Diz pra ela vir aqui.

Só conheço as notas tristes
Da sonata da agonia.
E estas notas me acompanham
Dia e noite, noite e dia...

Só me resta então a morte
Pra selar meu sofrimento.
Tudo é triste neste mundo,
Sobretudo este momento.




















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