quarta-feira, 19 de setembro de 2012



O copo não engana
faz a festa, liquida a grana.
O copo tem sede,
até parar no tapete
nunca é ingrato
faz casal contigo
trai o próprio prato
O copo deixa a língua solta
relampejando na madrugada do céu da boca
Não tem "treta" por causa de roupa
não solta da tua mão nunca,
é fiel
tá nas vistas .
Purifica a timidez, como entortava Raul
Controla a maluquez
O copo aceita
nunca pestaneja
copo bandido, um copo pra dois
corpos amigos
Pra cada som um gole
No jazz ele costuma chacoalhar
gotas que te melam
- não se sente, segue a dança.
Quando a música materializa um tempo
O copo borbulha
só sentimento
Não há mais belo que o copo
cilindrico, infinito
molhado, largado na tua janela
O copo era o retrato da vida
da roda
da pupila
dilata o close
Do nada começa, do nada termina
O copo era o melhor amante daquela noite
naquela menina

Ana Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário