segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Um conto de metal



Fiquei sabendo
que você era rockeira
desejei-te a vida inteira
essa é a hora de tentar.

Eu joguei fora
meus cd's de Fábio Júnior
levo o Ozzy no meu punho
só pra te impressionar.

Só uso preto
se tornou meu pesadelo
ter que cortar o cabelo
ou usar uma outra cor.

Comprei um disco
desse tal de Sex Pistols
meu ouvido não suporta
mas meu coração gostou.

Tomei uísque
tomei pinga, tomei vinho
transformei o meu caminho
onde o vinho me conduz.

Virei ateu,
virei gnóstico, budista,
só não quis deixar na vista
que meu nome era Jesus.

Fiquei com medo
de escrever-te uma poesia
pois tão grande é a agonia
que me causa teu amor.

Roubei uns versos
de Carlos Drummond de Andrade
e disse que era na verdade
Dylan Thomas e Rimbaud.

Fiquei sabendo
que você curte cinema
e pra melhorar o esquema
muita coisa eu assisti.

Eu vi Carlitos
mesmo mudo causar riso,
vi "Cinema Paradiso"
e Glauber Rocha eu não entendi.

Fiquei pensando
as coincidências que não temos
li "A Era dos Extremos"
só pra gente debater.

E depois disso
tatuei todo o meu braço,
dei uns tapas no barato
mesmo sem sentir prazer...

Não fiz a barba
pra virar socialista
fiz pose de guitarrista
pra você olhar pra mim.

Pintei uns quadros
pra expor na galeria
mas você sequer os via.
Por que as coisas são assim?

Comprei uns livros
de ciências, de magia,
de história e filosofia
pra poder te emprestar.

Eu fiz uns versos,
inventei uma paranóia,
tentei dar uma de Goya,
fiz sonatas ao luar.

Eu tive amigos,
tive fãs e seguidores,
tive amores, tive dores,
mas você nunca terei.

Eu já sabia
meu destino era maldito
já dizia Raulzito:
Sou cowboy fora da lei.

Igor Roosevelt

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