quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Reflexão



Muitos foram os doces dias quando nós poderíamos passar por lá, beirando a uma beleza natural criada pela alvorada e quando nós poderíamos acordar e ver o dia lá fora como um dom: algo esperançoso e precioso que devíamos cultivar, mas às vezes trilhamos em aflições, decepções, opressões e censura à liberdade, e aos poucos, vamos deixando de crer, de acreditar na vida, nos sonhares que poderíamos regressar a outros tempos que éramos, então, felizes.

Deixamos de viver a nossa vida, para viver uma outra artificial abaixo da dignidade.
Deixamos de apreciar a suave brisa, porque não alimenta nossas ambições, aliás, desperta a alma de sonhadores. E estes por sua breve vez sonham, sonham mais e mais.
Na alma dos desesperançosos as cinzas de sonhos vazando...

Para mim, não importa a linha que minha vida ou morte transcende. E nós, mas nem todos ou poucos nos importamos como nossos sonhos.

Poucos de nós enxerga, realmente, que em cada passo de nossa vida estamos nos tornando um invólucro vazio, perdendo uma parte de nós, de nossa essência até não restar mais nada.

Poucos contemplariam o dia lá fora como os pássaros, o galo em seu canto matinal. Poucos dariam importância ao sorrir de uma criança ou ao seu abraço inocente em busca de um afeto humano: materno ou paterno, ou apenas fraternal.

Poucos celebrariam a família, os amigos e o amor ao outro, ao companheiro (a), e primordialmente, ao ser onisupremo que buscamos no interior de nosso espírito.
O tempo, porém, range e ruge incondicionalmente na ferrugem de nossas almas e mostra nossas carcaças.

Poucos de nós descobre a verdadeira intenção do tempo. O tempo nos torna mais experientes se sabemos como conviver com ele, senão nos tornamos tão ásperos, acabados e sombras do que somos.

A beleza é vista aos olhos no que é puramente perfeito e sentimos através do tempo, às vezes, como se a morte estivesse penetrando profundamente em nossa pele, mas também, ele pode nos colocar o brilho, a vida que tanto os anos preservaram em nosso interior e é algo que não muda, assim.

A beleza das coisas simples está na libertação da alma, na expressão lírica e enigmática do que nos rodeia: o cheiro de flores se abrindo, o olor da terra molhada depois da chuva, das folhas caindo no outono, da brisa suave que atravessa o mar; o canto matinal do rouxinol; a paz que sentimos ao abraçar um ente-querido.

E com isso, podemos nos sentir tocados pelo paraíso.


Davys Sousa

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