quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Divã num quarto de hotel




Enquanto os meus dedos 
Percorrem o teu rosto, corpo
Tua pele, teus pêlos,
Você me analisa, me admira num todo
Me pergunta se quero um copo,
Tem medo que'eu queira outro
Quando tudo que quero é teu coração
Aberto, sangrando, pulsando por mim
Pra transformar em cidade esse deserto,
Esse mar de areia sem fim.

Pare de me julgar, não faça assim!
Eu vim pra te lembrar do que é bom,
E esquecer o que é ruim.

Seja meu, seja seu, seja nosso
Faço o que não posso para estar aqui.
Então não me questione, 
Pra quê  tanta subjetividade?
Quer que'u te abandone?
Tem receio que'u me emocione
A ponto de amar-te?

Tua experiência não te trouxe sensibilidade
Muito menos aprendeste a arte de ser feliz.
Não sabes a terça parte do que passei,
Minha pouca idade pouco diz sobre mim.

Nesse momento, você se toca
E me toca, querendo mudar de assunto.
É quando você pára e repara,
Me olha e se desdobra pra me fazer sorrir.

Eu escuto atentamente, feito mudo,
Tudo o quanto você fala, só pensando
No que suas palavras escondem.
Mas teus olhos sempre respondem
O que sua boca nunca me diz.


poesia inspirada no filme "A Primeira Noite De Um Homem" (1967)

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