sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Linda



Alastre seu aroma
Sem fazer alarde
Alarme o seu peito
Contra a paixão que arde
Antes que seja tarde

Espalhe sua beleza
Por toda a cidade
Se espelhando na certeza
De que todo mundo sabe
Que é pura vaidade

Aloque no seu colo
Alguém que te cale
Boca (en)contra boca
Louca lascividade
Que invade

Louvado seja
Quem te deseja com ardor!
Que o mundo veja
Que quem te beija é por amor!


poesia inspirada no filme "Uma Linda Mulher" (1990).

Aquele em que eu encontro minha lagosta.



para André Café

Agradeço todo dia
Pelo dia em que você me encontrou
E contou que me queria assim,
Do jeito torto que sempre fui e sou.

Ah, que bom que você reparou em mim!
E quando parou meus passos,
E calou meus lábios com um beijo,
A minha noite se tornou mágica... 

Porque o movimento do vento
Te trouxe de vez pra minha vida,
Devastando minhas veias
Com o sentimento mais bonito,
E desde então minha alegria
Se resume em já ter te conhecido.


Hannah Cintra


sábado, 21 de dezembro de 2013

O crescimento de cada dia


Um dia...
Sempre há aquele dia onde nós pensamos uma coisa, agimos de forma oposta, e achamos que estamos fazendo o melhor possível! Realmente a juventude é inimiga da sapiência! Nem tudo é rápido como queremos, nem tão perfeito, e nem tão imutável!
As vezes, e não são raras as vezes, nós acreditamos que fizemos a melhor escolha, e esta escolha em certo momento pesa, nos machuca, e nos tira o sono! E por mais vezes ainda, aquelas vezes em que você pensa "fiz a minha melhor escolha", você percebe que haviam outras escolhas, mesmo para o mesmo momento.
Em vários momentos procurei a perfeição que enxergava como tal, julguei com tamanha força achando que eu era superior aquele momento, mas não era! E vivendo e cometendo os mesmo erros, percebe-se a fragilidade do ego em cima da sabedoria: as falhas dos outros talvez sejam as suas! E ao perceber isso há um crescimento sem precedentes! Problema é o tempo: quando esse crescimento se dá? E outra pergunta: será que foi tarde demais?
A medida em que crescemos percebemos que a expectativa sempre será além da realidade, e que por mais claro seja o pensamento do momento, ele ainda está sobreposto a sombras de incertezas ou insuficiente de clareza. Nada será mais do que aquilo, se fosse não seria... Nunca sabemos mais daquilo que achamos saber.
Há sempre a linha tênue entre a expectativa e a realidade. Quando dei por mim, percebi que essa disputa interna sempre existirá, porém ela só se tornará uma angústia quando a expectativa for além da realidade, e não imersa nela! Provavelmente existam expectativas plausíveis, e é nelas a que quero me prender... ou melhor, gostaria!
Falhas todos temos, o importante não é saber somente se elas existem, mas de que forma podemos contorna-la! O momento em que isso ocorre? Nós decidiremos!

Hugo Jardel

21/12/2013 às 1:58

Vazio


O que eu quero não é o vazio
o que é o vazio que não quero
o que é o não vazio que quero
não quero o quê que é vazio

vazio
vazio
asilo

te tanto evito
que vitamina-me em ter-me
vaza de mim
vazio
vás, jaz
e me deixa assim
cheio ... de ti

André Café


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Que o samba não cultive


O que a mente quisera sambar
pro bem ou pro mal se esbarra no trem
de tantas coisas levadas sem permissão

Voa longe cadeado, pro lado destilado
que consome e some com querelas
foi dela e de lá, que vi a solidão

Sem flores ou coisas simplórias
a sofisticação me pede . . . baixinho
o caminho não te destoa
a toa são as lamúrias
com curas conhecidas
de uma ida volta
em volta de vida

André Café


Redemoinho


Num vazio frutífero do que seria
uma orgia de nadas rodeia o ser
não ser, aquilo que sua vida disse:
não! É o equívoco de calvário

Enfatize o que o deslize demonstra
 ganha o sentir do sempre nunca
quando nunca foi querer ser sempre
num tormento de não perder-se de repente

Quem manda mais: A voz ou a vodka?
na ponta louca de um silêncio
que grita razão, quando queria carinho
num ninho cada vez mais longe
estaiado ao lado do redemoinho

André Café


Por não cantar


A premissa de um bom acerto
recheando o deslize de marquise
eu nem pude acreditar
naquilo que jamais fiz

Mas recito a poesia que me permito
insistindo numa verdade e sutileza
foi mais um inato instante
para um revoada se solitude

Sou rude, ao orgulho
num entulho de certezas
a mesa mais crua é que toma
a redoma de minhas essências
e por demência faz dizer
sem até um porquê
o meu sofrer
por não cantar

André Café

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Que será, será?


O meu tempo diário
em saber se o que foi
será o que cá me trouxe
o que fui, talvez fosse tarde
se serei saudade
ou chuva a tardezinha

Se o que era errou
em ser sereno,
ou o por vir virará
em passos pequenos

O feito fi-lo de fato
em foto flutuo ao futuro
o meu melhor desato
inato em romper muros

André Café


Contínuo sonho


Um cheiro suave sem perfume
que enobrece meu acordar
sutil presença desse olor
permitindo ao meu dia, o sonhar

O tato sublime
de correntezas e calmarias
como porto que me acolhe
e me afasta em revelias

É daquelas horas que queremos sem ponteiros
são aqueles instantes que deviam não ter fim
nada mais do que abraços e afagos
pois nada mais é melhor pra mim

Em repouso da noite
pra um dia de fantasias
cravado o meu sorriso
em tua poesia

André Café

Sombra Verde

Grax Medina

QUADRA Nº 2 - A HORA DERRADEIRA


Quando chegar-me a hora derradeira,
Meu amargo silêncio será ponte
Entre as coisas reais e aquelas sombras
Que lambem as paredes do horizonte.

Igor Roosevelt

Um adeus que não pude dizer


Um adeus que não pude dizer,
Um adeus que só existiu da boca para fora,
Um adeus que eu quero esquecer, pois esquecendo esse adeus estarei sempre contigo.
Bons momentos nunca dizem adeus,
Eles ficam eternizados como eternas rochas,
Dentro de um duro coração calcado pela dor e amor.
Membro involuntário que carrega nossas dores e amores,
Sorrisos e pesares...
É evidente que se pudéssemos escolher apenas o bem...
Mesmo sem querer carregamos o mal na linha de nossa vida...
Às vezes planejamos cada detalhe de nossa vida mas nem sempre saem como planejamos...
Nos frustramos muitas vezes, como um pescador que volta com a rede vazia depois de um longo período de pesca...
Queríamos ter o controle de tudo, mas tem horas que tudo foge do controle,
Parecemos capitães sem rumo levando o barco aonde o vento quer,
Fingindo que a nau está sendo rumada por nós...
Até quando iremos nos enganar?Até quando iremos viver a irrealidade da realidade?
É tão difícil aceitar o mundo de uma forma não subjetiva?
Por que o concreto tem te tornado um fel?
Passo horas lembrando das palavras e dos beijos que se foram,
Passo horas lembrando que era feliz e não sabia...

Marta de Paula

Coração dilacerado
é sintoma de amor
mal curado, na sua dor
de ser cada vez...menos.

Na pequenez deste instante
desaba a fé, a paz e a companhia
cai por terra toda maravilha por
onde você se encostou todos os dias.

Somente o medo, esta visão de negras nuvens
e a vertigem, sopro de vento de destruição...
Acordastes à sombra do monstro com penugens!

Mas amanhã, estejas certo, será tudo poeira
até a mancha de sangue deixada em teu
peito pela ponta da flecha certeira!

Ravenna Scarcela


o que sonha um cego de nascença
se visão nenhuma lhe foi dado?
sonho turvo, sons e espectros
sinestesia, vibrações e alegoria

o que pensa um surdo de pia
e sua voz ausente em pensamento?
imagem em movimento
sonho e nostalgia

silêncio e escuridão de tudo
somo todos obscuros /som mudo
que visão distorcida
temos todos nós do mundo

(Ítalo Lima)

Tempo curto


O que falam e gritam os ponteiros e seus ângulos quase certeiros?
Com seus tic-tacs que sempre correm e ecoam na noite sublime
Com ponteiros que sempre e comumente voltam pro mesmo ponto

As horas carreiras aqui vão e volta quase no mesmo eterno segundo
Todas na pressa de por vir, do atraso à chegada, não se prostam
Não se limitam jamais na espera, hora vaga ou hora quem dera

Que por valia ou por honra não se preza, a hora do rico ou do pobre
Deles as horas andam a fugir, a correr, pois lhes faltam a verdade:
Que hora nenhum se faz sacrifício pra quem vive intensamente

(Ítalo Lima)

P(ARTE)


eu decoro
de có
eu art déco

a arte
nunca é
uma só

(italo lima)

Uma Esfera “Guernica”


Recriando um novo tempo...
Um tempo novo transmutando.
Transcriando espaços...
Paradigmatizando as lacunas.
Problematizando a história.
Transcrevendo contextos emblemáticos.
Enfadando as regras...
Libertando as possibilidades.

Autor: Dhiogo Jose Caetano

Meu coração é uma nave espacial,
Os extraterrestres são meus sentimentos.
Eu não pertenço a este lugar,
Meu coração pousará em tua vida algum dia...

Marta de Paula

Flash


Que seja 7 a vida out
Nela boom retribuo
Breve ceita light on
Oh vida estrangeira
É flash, é vapt e vupt

(Italo Lima)

ENXURRADA


cloro em pele
azul no céu é cinza

coração anuncia:
pingos no teto
vazando amor,
percorrendo pelas calhas

nada de balde no chão
deixa inundar

guarda-chuva para guardar
arco-íris no olho é íris
para-raio não vai parar
para-brisa vento de voar.

Yana Moura

Egolatria


Deixe de lado a egolatria.
Abandone os clichês.
Pratique a arte de viver com profundidade.
Seja simplesmente você.
Não institucionalize o ser.
Você não é nada...
Procure agregar pontos positivos.
Acorde para a realidade.
Não pratique a masturbação intelectual.
Faça das fontes literárias o meio libertador para os bestializados.
Através da arte podemos levar a luz para os “descerebrados” pelo sistema alienante.
Despertemos rumo à era das luzes, deixemos o provincianismo e cresçamos.

Autor: Dhiogo Jose Caetano

Que estes versos saltem pela tua janela
E pousem como um beijo no teu rosto pálido.
Ondas que levam o corpo do naufrágio
Para as ilhas distantes dos teus braços.

Que estes versos te assaltem, quando a noite
Mergulhar no teu leito repleto de sono,
Para o meu pobre jardim, onde rosas sem cores
Passam as tardes costurando os pedaços de mim.

Que estes versos te levem ao palácio
Obscuro e vazio do meu coração.
Corredores compridos onde reverberam
O eco das vozes de fantasmas de outrora.

Que estes versos te sirvam de resfôlego
Quando adentrares na noite sem fim da solidão:
A cidade onde os relógios são de gelo.
A caverna onde todos os gatos são pretos.

Estes versos são meus, mas a eles pertenço
Como todas as velas pertencem ao vento,
Como todas as flores pertencem ao Sol.
Neles me recomponho e deles me alimento.

Que estes versos, enfim, saltem do papel
Como pássaros que escapam da moldura.

Igor Roosevelt

Nunca horas de sono foram tão dolorosas
Nunca lágrimas foram tão verdadeiras
Nunca palavras sinceras foram tão desviadas
Nunca a cachaça foi tão amiga
Nunca o carinho foi tão espinhoso
Nunca uma noite trouxe tantas emoções
Nunca amar foi tão odioso
Nunca a ressaca foi tão amarga
Nunca o grito foi tão puro
Nunca a fúria foi tão inocente
Nunca tapas foram tão confusos
Nunca danças foram tão fluentes
Nunca sorrisos foram tão perdidos
Nunca respirar foi tão torturante
Nunca o nunca foi tão falado!

(Miguel Coutinho Jr.)

A ESTRELA DE FERRO


(Para Raysla Lopes)

Muito além do que pode imaginar
Qualquer humano, de hoje ou de outrora,
Há uma estrela de ferro a desatar
Sua luz fria pela noite afora.

Na escuridão, onde os astros em bando
Explodem com uma força sem igual,
Uma estrela de ferro está dançando
Pelas bordas do abismo sideral.

Na extrema solidão do cosmo infindo
A fria luz de ferro vai ferindo
Corpos celestes no horizonte estreito.

E assim usa a distância como um véu,
Um navio à deriva pelo céu...
Há uma estrela de ferro no meu peito.

Igor Roosevelt

Segregado


Sua crítica corrói, destrói...
Sua fala é como bala...
Sua escrita é como faca...
Não julgue o livro pela capa!
Quero dizer para aqueles que dizem que “SOU”; que não sou NADA diante da vastidão que me circunda. Nada é meu, nada me pertence! Sou só um navegante, ou melhor, um aprendiz de navegante que neste oceano existencial procura ser simplesmente mais uma gotícula em meio à infinitude líquida que compõe o vasto mar.
Nada sou, sou nada, nada é meu, meu é nada, simplesmente nada, nada simplesmente sou!

PLAGIADOR


Original, plágio, cópias, verdadeiro, falso...
Nada é novo, tudo simplesmente se transforma.
Podemos escrever coisas semelhantes.
Vivemos em contextos diferentes, mas as dores são as mesmas...
Em um texto a arte registrada de diversos “mundos”, sentimentos e momentos.
Um poeta, mil vozes, uma voz, mil poemas...
Ninguém é proprietário, vivemos uma ilusão, um reflexo efêmero, amanhã pode ser o fim de mais uma criatura.
Não cultivemos a egolatria, compartilhemos a mensagem.
Que a boa nova se multiplique em diversos livros, discursos e narrativas.
A realidade vivida é parte da nossa memória uma alusão em preto e branco; pois compartilhamos uma irrealidade quase perfeita, ou seja, vivemos uma cópia quase perfeita de um mundo dito real.

Autor: Dhiogo Jose Caetano

Quadro negro

Foto de Roberto José da Silva

Teu
pó é poeira
cheirada
em nuvens negras
para ser vazio
de guarda-chuva à lama.

Yana Moura

Acrescer


Doeu, mas aprendi. Sangrou, mas amadureci. Crescer é válido quando descobrimos que o doce era amargo. E o amargo não passava de um azedume adocicado. Tamanho não é documento. Documentado estamos quando enxergamos além dos olhos. Desnudando a dor do outro – soprando para amenizar ardência. Crescer é somar valores assomando mais e mais sementes de generosidade na Alma. E não acrescentar anos vividos ao registro: menina a deixar boneca ou menino deixar o carrinho. Crescer é superamos o insuperável da vida: diante do luto da derrota, sabemos lutar em busca doutra conquista.

Nayara Fernandes

Decibéis


Palavras estragam gestos azedando momentos. Ser necessário é saber desnecessariar excesso, e ascender essência. Os decibéis das palavras costumam ensurdecer o ouvido do coração. O sentir acaba emudecendo de tanto gritar o que sente em silêncio.

Nayara Fernandes

Bênção de sermos bênções


Graça é aquilo que diz o peito gratidão. Graça nos dão quando – nos lábios – nascem sorrisos da Alma. Quando na Alma não mora distância. E silêncio é ciranda alegre de bem-querer. Fazendo palavra música a bendizer qualquer carinho bradando dentro. Porque nos dizeres mudos se sabe o que há de vasto. Ainda vastidão não sabendo espaço. Vivendo incasta. Desnuda. Convite a ser manto, vestindo-se do outro. Aprazando o eu (coração). Gratidão é a semente bonita – bendita a brotar sentimento. Sentindo o íntimo dizer à mente que o que arrepia o peito, e pulsa o coração é Amor. Amor com “A” maiúsculo. Amor sem dúvida. Sem peso nem culpa. Crescido. Maduro – livre para ser sentido e só. Somente Amor. Puro. Gratuito. Válido em toda dimensão que cabe. Todo Amor é sagrado. E remove o amargo, descabendo de tão nobre. Quando destino consente nascer o que não se explica mas se sente vivo. Avivando cores mortas. Trazendo luz aos olhos. Celebrando em nós a bênção de sermos bênção orvalhando o outro. Gratidão é o cheiro que exala quando há dentro um jardim infindo de rosas humanas a nos enfeitar.

Nayara Fernandes

Máscara clichê


Verdade é espelho refletor da Alma. Espátula do tempo talhando em detalhe nossa marca. Operária da autêntica liberdade, no fundo, é sem base, baseada na voz do coração. Sinônimo sem significado exato, acura um intervalo e outro da razão. Razão não. Rasura despolindo certo ou errado. Pureza ou pecado. Amor ou amargo. Mesclando cores – tom do todo. Acorde de uma Alma só, onde somos sem ser. Quem ampara a verdade abandona a inverdade de si. Reinventando-se. E se assume errante permitindo o acerto de ser errado. Admitindo fragilidade da carne. Derramando inteireza dentro. Venerando paz de Espírito. Tempo de certezas incertezas. Relógio (in)temperal da vida.Verdade é tempestade precisa. Corpo de luz que assegura o caminho. Voz que traz alívio, ferindo. Verdade cura, cortando. Dói, remediando. Afinada enxerga beleza detrás da feiura da rocha. Desvalidando glamour envolvente da margem. Ímpar edifica metade, ainda que metade sustente o inteiro que nos cabe. A verdade assombra sombras; inquieta nossos demônios; liberta do cárcere. Dignificando a versão humana que somos. Conduzir a verdade cabe a quem tem coragem. Cabe a quem não tem medo de oferecer à cara – se doando de corpo e Alma. Perigando título de imodesto por viver. Vivendo audaciosamente sem necessidade de ser. Livrando-se permanentemente da máscara do clichê.

Nayara Fernandes

Dos sofreres à poesia


Dos sofreres me interessaria saber as belas estórias – emocionadamente contadas pelos poetas. Dos sofreres me interessaria saber as inspirações heróicas e as aspirações dos amores. Dos sofreres me interessaria saber aquele arrepiar de poros e as inundações da Alma. Mas dos sofreres soube os sabores amargos e as dores profundas. Eu, quem sempre quis as levezas baseadas no Amor. Dos sofreres soube meus avessos – conheci as curvas da minha Alma e as esquinas escuras do meu coração – antes – desabido das próprias precariedades. Sofrendo soube a maneira mais bonita do Amor amar. Nele aprendi a me amar nas riquezas e pobrezas internas. Dele roubei o olhar amoroso à vida. Com ele amei outro em suma. Dos sofreres soube as melhores coisas. Nele aprendi sabores nobres. Dele colhi eternidades doces. Com ele transformei dor em poesia. E entendi o sentido de ser metade inteira.

Nayara Fernandes

Interpretações


Sua fala é como bala...
Sua escrita é como faca...
Sua crítica corrói, destrói...
Não julgue o livro pela capa!

Dhiogo Jose Caetano

Onde estará?


Talvez não seja meu dia nem minha hora
e falar de amor ou sintonia não faça sentido.
Talvez o amor em mim ou falta dele, me faça infeliz,
ou me tire a inspiração...
Talvez o sofrimento em mim e a sua ausência me façam mal
Ou, quem sabe, um bem irremediável!

Onde está o amor onipresente nos meus dias?

Só sei que os dias correm estranhos sem sentimentos...
Vida estática, dia branco, sem amor, sem sofrimento

Talvez o amor me encontre e me leve como pena
solta ao vento, como flores num tufão...
Talvez nem me procure e nos encontremos
inesperadamente num dia qualquer de felicidades mil...

Onde estará o amor de todos os meus dias?

Tarcisio Bastos

Descoberta


Tal qual as sombras que passavam
por fora da caverna e apenas
assustavam os homens que ali habitavam,
era a poesia fora do meu corpo

E foi crescendo, pouco a pouco
até não caber mais em mim,
como a copa da árvore que sobe
na medida em que não aceita o fim.

Julguei ser única: diamante bruto.
Bobagem! Existe uma Sociedade
donde brotam poetas que foram
que são e que estão por vir

E que na entrega, nesta árdua tarefa de servir
aos olhos, à boca e ao coração alheios,
entendem serem grandes os anseios
dos que têm fome de sentir!

Ravenna Scarcela

Giro de vagar


Cadenciando,
num rodopio mágico do destino malabarista
e a rotina trágica da beira do verso

Sem rima, sem nexo
o sentido pode não ser intrusivo
o desvio pode estar em anexo

Rodopiando,
na cadência de múltipla morosidade
no aviso de tácita saudade

André Café

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Estrela Cadente

Um dueto de André Café e Nynna Zamboti





Ele

A minha estrela não trouxe mais poemas, um rastro de peito que batia aqui, fica assim, só saudade.
O verso que ele dizia, inundava as manhãs, como se eu ainda estivesse em sonho.

Ela

Minhas linhas estão perdidas no tempo
O que outrora inspirava meus versos há tempos desapareceu de meu horizonte

Ele

O dia desenrolar e ao alto a estrela eu via, na folia, no riso e no ardor.
De quem te acompanha sem motivo aparente

Ela

E essa pequena estrela já não pode mais se chamar assim
Porque só é possível brilhar quando ha olhos para admirá-la

Ele

Mas o ausente se fez, talvez perdi a vez ou a hora, quem sabe alguma demora, em retribuir tamanha atenção.

Ela

Uma forma mais simples e serena chega
Para quem sabe, descer dos céus e habitar permanentemente
O coração de um pobre viajante

Ele

No céu o meu olhar desfaço
Por noites a fio no encalço
Da flor de minha constelação

Ela

Que peregrina pelos prados a procura de
Não uma estrela inalcançável nos céus,
E sim mulher de sangue e coragem nas veias
Pra lhe ser companheira

Simples


Um bom dia com o frescor do vento
Cheiro de maçã ao relento
Ah!! Se pudesse te ter agora
E pensar que não baterás em minha porta

Meditei e cheguei à conclusão
Amar é suspirar olhando para o teto!!!

Jamile Castro

É só o amor


Do exercício da argumentação
surgem conjecturações milhares
ou pesares, ou doutrinas, ou sentidos
elementos dum todo dos todos

Considera-se os extremos
e a multiplicidade inerente
que nos dá o porque de cada gente
sobre o querer, o sentir e o desaguar

Mas o amor, mesmo que se universalize
mesmo que se saiba o caminho
os descaminhos são mais doces
atraentes, humanos e contraditórios

Segue o amor, a mesma lei do aprender
mas algo fica esquecido pelo trajeto
o abjeto também ama
e o benevolente às vezes sangria
num conjunto de contraditos
mesmo a busca do igual é ser distinto
o amor labirinto
é o principal princípio de evolução

Aos que se apegam e não,
amor é mola e combustão
da forma que se manifestar
ao bem entender dos envolvidos
que infelizmente, negam ouvidos
ao simplesmente amar

Mais observações e pontos a averiguar no caminho pra frente de uma viagem em retroação da humanidade

Sócrates jogando poker em Cocytus com Satan

Já foi


Vozes já amarguraram o meu amargor
letras cantavam o que não quero cantar
até mesmo os próximos versos
em outrora, dores já se sucumbiam
entre o lirismo e o que acabou
sangue e rima, riso e tristeza
duma sutileza serafim
ao fim de mais uma paixão

Que os versos já tragam no dito
que é verdito o sofrer
porque antes já se choraram e queixaram
mas não que seja minha dor
perante as dores dos tempos
a mais desavisada e torpe
o mais dilacerado desaguar
de pensamentos e descaminhos

Ela é assim por fim, uma dor qualquer
mas que enreda o não compreendido
dum peito ferido de outras guerras
por eras de paz e certezas
nada mais que folias de lei
o que não se sabe que sei
a dor é minha e de mais ninguém
fazendo de mim, tácito refém

André Café

Sujeito do amor


Uma imensidão amaciada,
gestos no cume da solitude
afirmo que firmamento algum incide
na tácita face rude

Pra onde corre o socorro?
em cápsulas de conhecimento
bom mesmo é o palavrear de fogueira
aquele que é bem simples, lá de dentro

É como submergir no crepúsculo
logo ali, na linha do seu horizonte -
em tempo, as folhagens ressurgem
do fundo de sua natureza de fonte

Há que se entregar a esta crendice e
penetrar na amplitude da visão, com loucura
Que necessidade é esta de morrer
pra nascer de novo em outra noite escura?

Mergulho; é o âmago em rotas de fuga
um olhar inverso de saída
o silêncio mais alto que destoa
sobrevoa o segundo de uma vida

O ar povoa o meu peito
tudo que vejo é furtacor
o mar de saudades é leito
agora sujeito, sujeitado ao amor

Ravenna Scarcela e André Café

Não mais do que queria


Hoje eu não tô pra verso,
quero o interior inteiro
do final ao primeiro
instinto de amor

Hoje nem quero prosa
quero o quente do teu corpo
do instante e durante
explosão de ardor

O que não quis, se foi
para o depois, o nunca
vazio em demasia
não mais o que queria
pra minha poesia

André Café

Versando na pele


Guardo chaves de cadeados imprecisos
ou esquecidos num tempo fechado para aberturas
coisificam loucuras, quando na verdade é amor
ou seria apenas texto para verso?

Uma coisa martelando meu dia: poesia
arquétipo poético de soluções em prosa
dilacera enquanto riso, enquanto pranto
personificação do medo em estrofe

Rabisco; riscada tez
que gire, a dor que insiste
lirismo; por outra vez
implícito; tristeza em riste

André Café

Mesmo que todo riso


Mesmo que todo riso,
conspirando natureza e prazeres,
aromas e sabores
mais forte é o porquê,
sem quê de ternura

Do riso descabido;
em cabide o torso triste
me acompanha feito traje,
num ultraje semeado
em terras que não geram tormentos

Mas insistiu o tempo, em mostrar distorções

As canções de risos, em rios de lágrimas
o dia a favor, desfeito em mágoas
o cálido calor, num tacanho frio
que faz arrepio, duma dor sem rédeas

André Café

SAUDADE DE MIM


A chuva constante,
Há chuva em meu ser.
E um frio,
Tão grande...
Que o vinho não aquece.
No findar do outono,
O inverno castiga
As folhas mortas,
Minha alma, à meia luz.
Existe algo cinza
Em tudo que vejo.
Sinto uma saudade
Do calor de meus dias
Dissipando...
Como as próprias folhas
Que o vento não pode levar.
E a água encharcou.
Sinto saudades do sol,
E de mim,
Que em sonhos,
Padece.

Fernando Magalhães Alves.

Ânimo


Que passem os ônibus,
não me acorrenta o desatino de destinos
quero que não me levem os ânimos
ou não zombem o tempo

Raseadas raízes duma profunda cicatriz
sobre o que canta e diz
o firmar em revelia
coração melancolia
na fagia do feliz

André Café

Eu encontro desencontros


Eu encontro desencontros
não ao certo torto livre
de amarras tão visíveis
e impossíveis ao olho nu

Mas de uma forma só
eles se entrelaçam sem nó
para a afirmação do não
uníssono refrão

Eu desencontros vejo
numa porção daquilo que toma o tempo
ele é o tomo do alento
pra quem se amordaça por querer
naquilo que nunca quis
num engano proposital

Eu encontro desencontros
e descaminho desses prantos

André Café

Desatar sonhos


Inventem um dia
digam-me depois de 30 horas
em noventa minutos de meia hora e meia
trissexto num ano só
mas que esse nó que prende
não seja do tempo sumido
contado segundo a milésimo
num péssimo tormento
de desatar os sonhos

André Café

Load


Enquanto aguardo
guardo acuadamente sonhos
para explodo-los em cenas
acenam-me os ditos obstáculo
nos espetáculos de loucura

Cura-me do não querer
quero doses e mais tragos do impossível
num visível caminho, fora do ninho
linhado aos sonhos
que quando astutamente
para o ato de encerramento
do começo do meio do fim

André Café

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tortura?



Tranque a porta, trave-a
Traga uma garrafa de vinho e você, sozinho
Tome um pouco do meu copo
Toque todo o meu corpo
Se atraque ao meu torso
E me ataque com trocas de carinho

Entre e se atraia
Só não traia!
Pois de maus tratos já estou farta.
Transpasse os limites
Me deixe cansada, tresloucada, 
Transtornada, em transe...

Transe comigo.


Hannah Cintra



Soneto do Amor Balanceado



Amor tórrido,
Torrencial feito chuva
Que caiu como uma luva
Num dia quente e mórbido

Com sabor de uva madura,
Fruta pura mordida
Com total delicadeza e doçura,
Sem amargura no final

Posto que seja doce enquanto dure
E que o azedo surja em alguns pontos,
Contanto que não muito

Contando que não será tanto,
Senão o encanto perde seu canto,
Dando ao amargo o seu lugar.


Hannah Cintra