quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Infeliz Aniversário



Fechou o computador, decidiu que aquela seria a última vez que aqueles pensamentos lhe atormentariam. No entanto, ele se esquecia, que no coração e no pensamento, força nenhuma manda, ao não ser, é claro, a que os provocara.
Sentou no barzinho de sempre, uma dose, duas, três, mais algumas, o suficiente para lhe anestesiar. Achava estranho o rumo que sua vida tomara. O telefone tocava mais uma vez, colocou no modo silencioso. “SILÊNCIO”, pensou, nada melhor, para piorar as dores.
Ao fundo a voz rouca do cantor sussurrava “I'm so lonely, but that's ok, i shaved my head and I'm not sad, and just maybe I'm to blame, for all I've heard, but I'm not sure"
- Posso trazer mais uma doutor? – perguntou o garçom impaciente;
- Pode trazer
Mais uma o que? Uma vida? Uma chance? Uma oportunidade? O que ele queria afinal? De que adiantava construir sonhos em cima de areia? De que adiantava ser o cara promissor, que teria um futuro brilhante, se esse maldito/bendito futuro não chegava?
O garçom servia mais uma dose.
Pensando calmamente, viu que sua vida era exatamente como aquele Whisky que lhe serviam. Passava doze anos, se apurando, perdendo a água  para ficar o mais perto possível da perfeição e o que faziam com ele? Colocavam gelo, água de coco, água com gás... De que adiantava tanto prumo? Tanto zelo? Se o melhor que ele podia dar era contaminado por subdelegações, por subempregos, por uma sub existência, para que continuar insistindo?
Passou a entender a mente dos suicidas, que ao seu ver se tornavam heróis ao abrir mão de tudo pra seguir outro rumo. Já estava decidido a acabar com tudo, com sua dor, seu egoísmo, sua impaciência, sua vida, quando o relógio marcou meia noite e um.
Voltou para a casa, para sua velha vida acomodada e seus velhos dilemas deploráveis.
E assim terminava Seu aniversário.

Malcon Barbosa

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