quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Alguns prazeres e dores não devem ser compartilhados


Final dos anos 80
Teresina, Praça Rio Branco, entre as bancas de revista
Sinto o gosto dos velhos quadrinhos
E o cheiro de blues no walkman
Já aparento ser maior de idade
Então, desço pela Payssandú
Rumo a velhos cabarés
Procurando velhas novidades
Teclado e guitarra em Right
Bateria e baixo em left
E a voz de Jim Morrison em todo lugar
Soul Kitchen em som stereo
A beleza com um berro histérico
Um pensamento pousa na minha mente
As putas e os poetas são muito parecidos
Entre um cliente e outro
Um intervalo de realidade
Entre um poema e outro
Um intervalo de realidade
E no cabaré
Vejo putas bonitas e tristes
Deixando homens feios bem alegres
As putas e os poetas são muito parecidos
Porque se prostituir sem se corromper
É uma arte
Enquanto me arrumo
Ela prepara uma velha receita
Spaghetti alla puttanesca
 Ei, mulher! Você pode dividir comigo?
Sinto muito, poeta
Essa é a minha realidade
Que não dá pra dividir
Aprenda essa dura lição
Não faça poemas sobre tudo
Alguns prazeres e dores não devem ser compartilhados
 
 
Allisson Franklin
 
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Grafitada virtual 1



Nem todo mundo muda
Nem tudo muda
Nem tudo muda todos
Nem mundo tudo muda
Nem mudo muda o mundo.

Vinicius Oliveira e André Café (250-2-2013)


A revolução será o carnaval dos pobres!

Vinicius Oliveira 25-02-2013


Minha mente é tão aberta, mas tão aberta
que até meus pensamento fogem dela
não os posso segurar, tem peso de pena,
cara de criança e uma calma serena
que dá dó tocar

Haschi Faria

Desespero de uma mulher cravada


Ítalo Lima

O vale de Serolf



Desabotoei os meus olhos, e clarividentemente avistei um vale encantado.
Anjos, querubins, seres iluminados sobrevoavam, liberando no ar uma essência divinamente.
Um cheiro de jasmim arrebatava-me...
Estava estarrecido diante de tamanha obra divina.
A minha alma vibrava dentro do meu ser que levitava sobre o vasto jardim.
Um sol infinitamente branco aquecia o meu ser com sua plena paz.
Orquídeas liberavam uma essência aromática que complementava o momento.
Lírios brancos, vermelhos, azuis dançavam ao som de uma maestria orquestrada pela a frondosa floresta que oxigenava todo o espaço.
As rosas lançavam suas pétalas no ar.
Tudo conspirava para complexidade do momento.
Estou plenamente em paz.
Não quero acordar deste sonho, quero eternamente sonhar.
Este lugar é verdadeiramente um paraíso.
No centro do grande vale a frondosa árvore da vida.
Dela alimentei, o seu fruto é indescritível.
Nunca me esquecerei, deste momento que se eternizará como parte do meu ser, da minha alma.
Dentro de mim o vale de serolf.
Serolf eternamente estará dentro de mim...

Autor: Dhiogo José Caetano

Pólen



Eliane Barreto

'Destinomar



O rio para chegar ao mar
Percorre caminhos que nem ele mesmo pode imaginar...
A correnteza é o pulso que move esse encontro ímpar
Onde as águas doces do rio se unem às águas salinas do mar
Como dois amantes a se encontrar
O mar recebe o rio,

Porque o destino do rio é o mar...

By Adália Tov (A.M.A)

A renúncia em nome da ordem, da verdade e do amor



O Papa Bento XVI chocou o mundo com sua decisão, a mídia e inúmeros outros órgãos vinculados a mesma, procuraram descrever essa atitude (idade avançada, saúde debilitada, opressão do poder, perseguição, excomunhão camuflada, um ato heroico, exílio do pontificado em nome do silêncio, da culpa, da verdade, da mentira, da permanência do poder, uma guerra interna que oprime, delibera, excluí em nome do autoritarismo religioso, etc.).

Seria o Papa Bento XVI um herói ou um vilão?!

Quando analisamos o contexto histórico da Igreja Católica, notamos inúmeras rupturas incoerentes, com relação as práticas e dogmas os quais perduraram e perpetuaram ao longo dos séculos; fazendo desta, a maior religião de todos os tempos.

A partir de uma vasta literatura sobre a institucionalização das bases da Igreja Católica, é possível detectar grupos de ideias e idealistas membros da mesma, que implantaram o medo, a construção do imaginário sobre o céu e o inferno. Arquitetando na Idade Média a configuração de Lúcifer, o “demônio” o qual aterrorizaria a sociedade, os obrigado a buscar refúgio no seio da Igreja.

O grande mal se solidifica em nome de territórios, e da hegemonia do poder. O grande pavor se instituía, os homens vivenciavam a dor, a injustiça, a perseguição e a morte em nome da ordem religiosa que ditava as regras, normas e padrões que conduzia a sociedade. A fé sobrepunha à razão. A Igreja era a grande detentora do saber.

O seu poder era incalculável, e os reflexos do mesmo continuam “controlando a massa”, até os dias de hoje.

O Papa Bento XVI em minha opinião não renunciou e sim desmascarou, retirou o lixo debaixo dos tampes. Já era chegada a hora da mudança, tudo ao longo dos séculos sofreu as suas devidas transmutações e a Igreja precisava deste abalo, de um ser instruído e com atitude para enfrentar os dogmas, ressaltando que dentro de um Papa existe um homem, um ser humano, que luta pela humanidade, defendendo a difusão de uma mensagem que não aliena, mas que ensina e liberta.

Os líderes religiosos deveriam pregar e viver a paz, a vida, o amor e a verdade. No entanto, incoerentemente todos os dias; deparamos em jornais e revistas práticas “pecaminosas” como pedofilia, estupro, omissão da verdade, ganância pelo poder, etc.

Em minha opinião o Papa Bento XVI com sua atitude nobre, colocou por terra a ideia que ele seria a figura ou representante de Deus aqui na terra, ele é só mais um no poder, um ser humano, um pecador, que como todos, faz parte de em um plano terreno que pauta no aprender, aprender e aprender. O ato de Bento, o tornou um verdadeiro herói... no momento certo, na hora certa, a decisão certa. A sua renúncia traz camuflada um grito de basta. Chega de tanta hipocrisia!

A fé, Deus, Jesus não são peças de um “tabuleiro de xadrez”, ou ferramentas utilizadas para “silenciar a massa”.

Fico indignado quando vejo líderes religiosos realizando leituras, interpretações incoerentes, distorcidas e sem o uso da lógica, difundindo uma inverdade ao longo da construção da mentalidade religiosa de um período, ou de todos os períodos da história da humanidade.

Assim prega a Igreja, que é pecado a relação entre pessoas do mesmo sexo (homossexuais), não podemos esquecer da proibição do aborto e até de alguns métodos contraceptivos em alguns países, indagar ou investigar a escritura sagrada (Bíblia) também é considerado uma blasfêmia contra a palavra de Deus. Mas, o que dizer das práticas realizadas por inúmeros membros da igreja. Os quais violam crianças, usam o poder em nome da fé, e muitos são aptos da Opus Dei promovendo a “autoflagelação”?

Bento XVI trouxe a boa nova em meio a guerra pelo poder, pela ganância de ter e do autoritarismo de ser.

A Igreja Católica nunca foi o que realmente procurou passar, agora os portões do Vaticano estão abertos, a verdade veio e virá átona, as máscaras, o rituais caíram por terra, a Igreja aparece nua e todos podem ver a sua fase.

O próprio líder renunciou o legado de “mentiras”, buscando a hegemonia da paz e da verdade, tornando possível o surgindo entre os escombros da mesma uma sociedade igualitária e verdadeiramente humana.

Entretanto, vale lembrar-se da famosa frase: “tudo que leva o homem ao apogeu, o levará ao declínio”.

A Igreja Católica inicia um novo ciclo, onde Bento XVI, será sempre lembrado como o pioneiro, que bravamente enfrentou com serenidade, sabedoria e integridade saltando por cima de uma muralha dita intransponível, conseguindo avistar o horizonte, além das grandiosas montanhas que escondiam um novo caminho, e generosamente, ele colocou tudo a prova para nos apresentar a esperança de um mundo melhor.

Autor: Dhiogo José Caetano


O que escrevemos com emoção sempre servira para aliviar nossos corações.

Afonso Moura

Soneto de dois amores



Conquistei o seu amor e a sua libido;
explorei a sua pele e os seus cabelos;
roubei a sua alegria, a sua cama
e os lençóis; comprei os seus risos
e as suas lágrimas, mas sem trapacear,
apenas com o engodo dócil do prazer.
Não me dei por inteiro,
não fui ao funeral do seu avô,
não comprei flores nem bombons,
mas compareci na sua apresentação de balé.
Escrevi alguns poemas eróticos
e os consagrei a você.

Você foi o meu melhor sorriso,
o meu melhor gracejo e também
o meu melhor beijo.
Foi uma manhã de inverno
com uma xícara cheia de chá
e foi uma noite de julho
com uma taça de vinho tinto.

Eu fui o seu melhor cicerone,
o seu melhor domingo à tarde
e também a sua melhor melodia.
Fui júbilos e melancolias,
fiz cantilenas e a tranquei
na torre mais alta da minha ternura.

Você me amou do seu jeito,
sem medo, sem segredos,
eu amei os seus olhos que,
por baixo das lentes do seu óculos,
imploravam, desesperadamente, amor;
eu amei a sua pele pálida e a sua voz grave,
também amei o seu sorriso tímido
e tudo o que você causava em mim.

Você amou, mas não foi o suficiente;
eu amei, mas não amei o bastante.

(Laís Grass Possebon)


Só risos
rios
rios
e mais risos
mares enfurecidos a causar marés de levezas
trazendo ventanias a levar as ardências
lavando as dores, abrandando as feridas tantas


Nayara Fernandes
Yvelise de Oliveira: sorrir - sorrisos


Desejo para você um mar de sorriso;
Desejo para você um oceno de alegria;
Desejo para você o universo inteiro de Amor.
Amor que cura.
Amor que transborda doçura.
Amor que traz achego.
Amor que a você restaure quando tristeza chega.
Amor enquanto dure o sentir-se amado – ainda que apenas por um segundo seja.

Nayara Fernandes


Escrever não é fácil. É dom sagrado - esvaziamento da Alma. Não é besteira. É a voz de Deus que sopra.

Espera-nça:
Não fracassa na luta – alcança o impossível unida a uma fé que arde em chama viva dentro.

Liberdade Almática - dimensão infinita. Paz em inteireza.

Nayara Fernandes

Belos tempos, Belos dias...



Quanta falta você me faz!
A sua sensibilidade me emocionava.
Você sabia usar as palavras e trabalhava os sentimentos de uma forma única.
Mas, tristemente você foi embora da minha vida.
Saudades de você, de nós...
Belos foram os dias que passamos na nossa casinha branca poetizada na bela canção de Maria Bethânia.
Belos foram os tempos a dois... vivíamos a complexidade das coisas eternas narradas nas falas de Platão.
Não encontro palavras, para descrever os nossos momentos.
Você se foi da minha vida, morreu no meu passado e na minha história.
Mas, estará sempre presente no meu coração!
Beijo na alma.
Amo-te, eterno ângelus.

Autor: Dhiogo José Caetano

A Insanidade Sã



Se em estranhas promessas falsas descubro a falsa identidade do homem
Por que hei de padecer perante a sua fútil cor? Infante atroz
Voarei bem alto. E lá do alto observarei a multidão
Que juntos se alienam e se envenenam e se vão
E do meu lado estarão todos aqueles que foram julgados loucos
Perante essa sociedade que se diz sadia. Mas judia
Porém aqueles que estão lá em baixo caminha juntos frente a frente
E se julgam irmão. E se ajoelham pedindo perdão, em vão
Ah quem diga não. Aqui estou. E continuo são –

Ítalo Lima

Oh Poesia

Simone Monte


Cerque-me
Invada-me
Possua-me
Estupra-me
Adentra-me
Surpreenda-me
Oh Poesia!

(Ítalo Lima)

Pétalas Sobre Nós



Ao som mágico do teatro
Com o tambor do palhaço batendo em meu peito
Seu rosto frente ao meu
Seu corpo sendo meu
Junção perfeita
Daquelas que tira o ar
Já sei!
Vamos namorar!
Um breve e doce silêncio
Regado a uma troca de olhar cinematográfica
E por fim
Tudo como desenhei em minha mente por todo este tempo só.
O sim
O beijo
O sorriso
E a canção certa.
Só para constar
‘’Você me bagunça e tumultua tudo em mim’’

Bernardo Moraes

Já se foi



Vai embora
Vai pra longe
Vai crescer
Vai ser alguém
Vai ficar na memória
Vai (...)

E leva um pedacinho de mim também.

Mariana Veras

Me deixa em paz



Você não me conhece!
Sou muito mais que letras e versos.
Não sou um erro...
Muito mesmo uma falha.
Não sou o dono do mundo...
Nada é meu,
Nada sei,
Nada sou!
Ninguém perguntou, mas estou respondendo!
Não sou inocente, mas que culpa, tenho de ter nascido?
Minha alma fica doente, quanto ouço você dizer: que de mim nada deve viver...
Quiçá anos, lá se foram tantas quimeras...
Mesmo no fim, as lembranças resistem dentro de mim.
Por favor, me deixe em paz!
Você destruiu a minha vida...
Só resta-me os resquícios de uma vida vazia.

Autor: Dhiogo José Caetano


Uma caneta, um papel, um destinatário.
Uma pouca luz para iluminar. Deixar ver. Ver no papel o que sai de dentro, onde não se ver. Sentir sair o que pode ser muito, pouco ou nada. Apenas deixar sair. O muito se derrama no papel, dissipa-se em cada linha. O pouco se concentra em pontos. Pontos finais. Quando nada sai o que fica dentro é pesado demais. Condensa o sentir por dentro sem poder ver sair. O silêncio da escrita é ensurdecedor. Talvez seja o artigo indefinido demais. Inquieta o corpo e perturba a mente. Sinto por dentro chegar a hora de ver a caneta, o papel, o destinatário... e a luz. Para iluminar.

Alex Veras

Dentro de mim



Dentro de mim a dor.
Esvai-se a paz...
A ansiedade que não vai.
Nada penso!
São vários os sentimentos.
Quanto medo.
Não mais resisto.
Estou em gritos.
Não suporto mais tantos conflitos...
No entanto, mergulho nos teus delírios.
A dor me faz chorar.
Não sei rezar, logo me coloco a orar.
Só um Deus, um santo pode me ajudar...

Autor: Dhiogo José Caetano
Uruana, Go


Caminho, paro, sigo em frente
Atrás de mim tem muita gente
Querendo viver meus sonhos
Tomar minha vida
Viver meu dia
Respirar meu ar
Não temo o futuro
Não vivo o passado
O tempo é agora
Agora é hora
De levantar
Correr e parar
Andar e seguir
Em busca do que
Ainda não sei
Só sei que o que sei
Não é o mesmo que você
Pois sou diferente
Único, eloquente
Vivo, morro, viajo, retorno
Ao lugar que me faz bem
Aqui
Onde eu não sei, só sei que o que sei
Não é o mesmo que você

Halysson

Inspiração de ônibus lotado


São seis e eu meio acordado
o sol já a pino
e o lado de fora do vento
matutando sobre punhados de frescor
próprio terror
há dias que sou nublado
mas eis que no misto enlatado
miasma quebra o cadeado
minh'alma é transfigurado
que sou agora versificado

a mente enfim liberta
mas mais que nunca aperta
o que não pode mais ser apertado
nenhum sinal rabiscado
o dia seguiu-se moinho
meada moeu-se no ninho
poema não foi poemado

André Café

Amarelocromia


Eliane Barreto

Inverno de 88



Eu sonhei com o inverno de 88
e, no sonho, você estava sem cachecol,
mas usava uma touca cinza e luvas pretas
que cobriam os seus dedinhos finos.
No sonho, você beijava a minha bochecha,
fria e vermelha, enquanto eu fumava um cigarro.
Sonhei com o seu olhar tímido
e pude ouvir a sua voz, levemente enrouquecida,
declarando o amor que, de alguma forma, existia.
Foi um ato poeticamente poético,
foi poesia pura para a minha amargura.

Sonhei com sentimentos nítidos e congelei,
no espaço mais casto do meu cérebro,
o seu sorriso pacífico.
Invadi as minhas lembranças esquecidas
e abusei dos meus desejos suicidas,
mas não rompi os laços que me uniam a você.
Sonhei bonito, sonhei sem medo, sonhei um devaneio eterno,
mas não o guardei, porque sonhei para o vento,
sonhei para o cosmos, sonhei um sonho que não se fez real.

A única diferença entre o meu sonho
e o inverno de 88 – infelizmente,
foi a realidade.

(Laís Grass Possebon)

O RETRATISTA “LAMBE-LAMBE”!



(Homenagem ao amigo fotógrafo Antônio Neto, que usava máquina Yaschica de 120 mm, no bairro de Educandos, em Manaus, e hoje é empresário do ramo fotográfico)

- Como você vai querer a foto? 3 X 4; 5 X 7, de corpo inteiro?

Era o retratista “lambe-lambe”, também conhecido por fotógrafo à lá minute ou de sapataria, categoria profissional em extinção, segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre, me perguntando sobre como desejava a foto. Depois, se encaminhava rumo ao “quadripé” que apoiava a máquina fotográfica Yaschica 6 X 6 ou de 120 mm, entrava embaixo de um pano escuro, focava no cliente (a foto aparecia de cabeça para baixo) e depois retornava para arrumá-lo mais um pouco, caso entendesse que a posição não era a melhor. Dizia depois: “fique assim, nessa posição. Não se mexa, vou “bater seu retrato”, como os fotógrafos chamavam as fotografias no passado.

Segundo a enciclopédia livre Wilkipédia, existem diferentes explicações para a origem do nome “lambe-lambe”, mas a mais aceita é porque “lambia-se a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão ou se lambia a chapa para fixá-la”.

Mas isso não importa para a crônica. Dentro de circos, principalmente, existiam os monóculos para “registrar” o momento quando o fotografo, sem se fazer perceber, “tirava a foto” e depois a trazia dentro dos monóculos, espiando-o para encontrar quem havia sido fotógrafo, receber seu dinheiro e entregar foto. Diante do resultado, quase ninguém recusava se adquiri-los depois dentro de um circo, mesmo que fosse só para mostrar aos colegas e amigos!

A foto que queria fazer era de corpo inteiro, ao lado de uma colega de aula, escorado em um chafariz em cima de uma grama, que por muitos anos existiu na Praça da Matriz, ladeado por palmeiras imperiais e um imenso aquário e viveiro de pássaros e animais silvestres que, por muitos anos, funcionou embaixo da escadaria que leva a igreja principal de Manaus, a Catedral, onde, segundo diz a história, teria iniciado a cidade, mas há controvérsias. Também era o máximo ser fotografado sentado na grama, em cima de um lençol branco que o próprio fotógrafo “lambe-lambe” se encarregava de encontrar. Não era meu caso!

Estava de cabelos longos, ainda sem barba, com uma bolsa de coro e uma calça “boca de sino”. Estava me considerando o “rei da cocada preta” e queria eternizar o momento e o traje de uma época gostosa. Era moda até o final da década de 70, esse tipo de vestimenta, seguindo a moda lançada pelo conjunto musical “Os Incríveis”, menos a barba e a bolsa que usei durante toda minha vida de jornalista. Eu queria eternizar para história o momento ao lado de uma colega! Fiquei escorado no chafariz, ao lado de minha amiga e não nos movemos nem um milímetro sequer da posição pedida.

Depois que o retratista “lambe-lambe” voltou para debaixo de seu pano e disse “já”: uma lâmpada forte seguida de uma fumaça branca se fez presente no local. “Daqui a uma semana, passe para buscar sua foto”. Felizmente ela não queimou como era muito freqüente nessa época, para a decepção do fotografado e azar do fotógrafo que teria que fazer tudo de novo.

E não é que estava igualzinho!

De vez em quando, ainda revejo essa foto em preto e branco em meu “álbum de retratos antigos”, muitos já amarelados pelo tempo e desbotados pelas vicissitudes, amarguras e desafios da vida! Depois, com novas máquinas, lançamentos digitais, todos viraram fotógrafos e cinegrafistas, mas sem o profissionalismo, a perfeição e o glamour das fotos em preto e branco!

Carlos Costa

Comentário no link do blog http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2013/02/o-retratista-lambe-lambe.html

Holocausto



Quantas páginas foram apagadas...
Quantos sentimentos se foram, e nada restou!
A dor, o exílio se fez presente.
O silêncio era constante.
A vida foi anistiada.
Em gritos clamo por misericórdia.
Nada resta, não existe mais esperança.
O vazio encontrou abrigo no meu ser.
Não fui perdoado e sim massacrado.
Estou sem identidade...
As emoções se foram, me falta palavras, versos... penso em desistir.
Penso em parar por aqui!
Excluir tudo que saiu de mim...
Por amor, pela renúncia, pelo outro... prefiro não resistir!
O tempo encarregará de descrever a verdade.
O amanhã não nos pertence.
O mundo da suas voltas.
Os comboios existências estão em constante movimentar tudo muda, tudo passa...
A vida passa a morte também passa, e junto com ela se esvai a vida.
O fim é anunciado...
O poeta que existia em mim se suicidou.
O professor renunciou.
O escritor foi julgado e condenado a morte.
Não quero nada pra mim, simplesmente deixe-me ser usado pelas palavras.
A mensagem que importa, desconsideremos as normas, leis e regras.
O bem precisa ser difundido.
O meu desejo era somente difundir a boa nova.
Enfim, nada restou...
Fui julgado, arrastado, apresentado com as vísceras expostas e no fim do dia o grande holocausto foi consumado.
O terror daquele dia estará estigmatizado na profundidade da minha pequena alma.

Autor: Dhiogo José Caetano
Uruana, Go


O frame de luz captado e convertido entre o momento de salto e queda n'água de um lago. Ou talvez até o tempo entre o toque de seus pés na água e o momento em que seus pés se molham.Tão menor somos nós e nossa existencia. Talvez um suspiro, um devaneio, que logo será preenchido por outro.
E nosso pensador, sem dar conta da existencia de seus pensamentos, nós, quase não os dá explicação. Talvez sejamos como nossos pensamentos que chegam a complexidades que talvez nem nós mesmo consigamos dar explicação. É algo que existe e funciona somente em sua mente, como nossos mundos imaginários... que talvez até existam em algum tempo-espaço que ainda não descobrimos assim como não fomos descobertos. Quão grandes podemos ser? Em que trabalharemos?Até onde tecnologicamente iremos? São questões tão vazias se colocadas à vista de cima. Estamos num mundo tão vasto de cores, sons e movimentos e ainda assim inventamos caixas que repetem cores, sons e movimentos. Seremos nós tão estupidamente cegos a ponto de não ver que, assim como após navegar pelos mares há de se encontrar terra, nós somos uma Terra entre um mar cósmico com vários outros arquipélagos e continentes?

Haschi Faria

Spleen*



Chove...
A cidade outrora ensolarada
Reveste-se de um manto cinza e triste.
A chuva se alonga ao meu redor
Como grades de prisão
E as ruas estão molhadas
Como se eu tivesse chorado sobre elas
Toda a minha dor.

Os carros andam sem destino
Como enormes formigas de aço
E no interior de uma delas
Eu estou, e também rumo
Sem destino...
É possível tirar desse desfolho
Alguma matéria de poesia?

Há uma cena que sempre se repete.
Há um ponteiro morto no relógio.
Há uma paixão dormente no meu peito,
Que é fria como gelo e quente como angústia.
Há uma vontade de fugir pra algum lugar
Jamais pisado, visto ou sequer sonhado...

Mas eu levanto... Chove...
Encho minhas asas com o vento frio de Janeiro
E atiro meu corpo aos abraços do Sol,
Inutilmente... garras de tédio me agarram os tornozelos
Me prendendo ao chão... Sou apenas uma ave
Tentando furar um céu de chumbo...

*Termo francês que significa algo como melancolia ou tédio.

Batidas



Bato o pé
Bato palma
Bato o carro
Bato pra você
Bato à sua porta
Atende logo às batidas do meu coração!

Mar Rodrigues

Passa o anel


Eliane Barreto

Ciranda



chove no terreiro
ciranda em sete-cascas
faço-me flor
em pele de cidade.

Yana Moura

Etnolíticos



A comezaina da Terra é a miséria
Êxodo dos olhos que vão em Itapemirim
Para a garoa do barulho cinza

O rosário canta o canavial
E mói teus sonhos em garapa

Orai-vos pelas carnes
Ventres de tuas mulheres
Sede dos teus frutos

Abençoa teus calos
E roça tua agonia
Na enxada do fogo.

Yana Moura

Coração de homem



Bum, bum, bum,
bum, bum,
Bumbum, Bumbum, bumbum.

Malcon Barbosa


Nem uma dor é inteira angústia.
Nem um tapa é completa ardência.
Somos metades em fatos e farpas na soma total da existência.

Nayara Fernandes


A poesia prevalece:
vem na carne;
corre no sangue;
mora na Alma

Nayara Fernandes

Mistério



Entre mãos e braços, pernas e calor.
Bem colado em mim, nesse breu meu desejo aumenta.
Sinto suas mãos deslizar pelo meu corpo
Lábios, língua, dentes e pele.
Som alto, corpo arrepiado, me faça sua agora.
Mas você desaparece
Eu não sei seu nome, nem seu telefone.
Espero que um dia volte, por favor, volte.
Apaixonei-me pelo que eu sou quando me toca
Apaixonei-me por esse mistério que é esse desejo
Sem nem saber se existe.

Hévllen Motta

E se seu pai fosse?


Ítalo Lima

Sob os efeitos de algum alucinógeno



Eu a olho, ela é linda, e realmente brilha
subo nela, pego uma fruta, com muita dificuldade
É tão bom não estar no chão, realmente
pareço voar, a meu ver

Abro os braços, parece tudo tão novo
realmente como uma primeira vez
A qual na verdade é,
e não tenho medo de admitir

E a fruta é doce, mesmo que
nem me lembre do gosto que tem,
e é tão bom

E lá de cima a vista é linda,
eu preciso te contar, que a vista é linda
lá de cima

Haschi Faria

http://vocaroo.com/i/s0kwHyrqlpOY

Maniçoba



nelores ferrados
o curral da justiça
comendo o pasto
da agonia humana

abatedouro do cordel
tiras de couro na saia
estampando o gibão
as costuras da seca
velando retirantes

ê boi , ê boi
rasga teu grito
e muge feito nuvens
nos confins da serra

árido saberes
diluindo a poeira
derretendo o sal
plantando tempestades
para matar sede.

Yana Moura

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vestida de Poesia

Nas vestes que cobrem o corpo meu, ó amado
Escondem os versos que desfilam pela pele
Atapetando a rendição dessa poesia
No balanço dos nossos corpos rimados

Desejo para todo o sempre, encarar teus medos, junto de ti
Provar dos teus sublimes desejos
Desvendando um a um os teus segredos
Me fazendo de amante para ti servir

Encosta em mim tuas mãos esfomeadas
E tira minha lingerie bordada
Despindo a vergonha à meia-luz
Do jeito que só você sabe, do jeito que só você me seduz

Me deixe molhada, cansada, suada
Com o descanso do corpo satisfeito
Guiada pela pretensão do teu anseio
Tatuar a minha poesia no corpo teu, ser sua amada

(Rosseane Ribeiro)

Teresina, 27 de fevereiro de 2013

Brisa

Robert Frank - A garota ruiva sente a brisa no outono


A moça passava
Como quem passeia no pomar
Em busca de frutos
Com um olhar de brilho reticente
Daqueles que refletem estrelas apagadas
Mas que cismam em aparentar-se vivas
Sim, ela andava...
Parecendo correr por entre buzinas apressadas
Quando na verdade, arrastava sonhos
Com o peso da juventude em si.
Linda, ostentava o piscar de cílios longos
Postiços. Falsos.
Reflexo do cenário cotidiano
Que peça a peça monta-se real.
A moça passava...
E com ela, sonhos, cílios, olhos.
Passado transitando em presente
E travestindo-se em futuro
Que corre lentamente sem chegar.

Tuyná Fontenele

2013, o Apocalipse foi consumado



“Anunciaram que o mundo iria se acabar...”
Como se a gente pode-se prever o futuro.
O hoje, o amanhã, o futuro não será o mesmo...
É chegada à hora da grande transição, os Maias já previram esta brusca revolução. Tudo irá se dissolver, romper, quebrar...
Vivemos o pleno apocalipse, mas negamos ou dizemos que está tudo bem!
Lá fora a crise financeira, os colapsos na economia mundial, que devora países, pessoas e a razão.
Bombas no nuclear são desenvolvidas na China e em outras grandes potências mundiais. Armas químicas são formuladas para matar.
O homem continua com a matança em nome do poder. Um poder que destrói pouco a pouco o mundo a nossa volta.
Até o Papa pegou a sua bagagem e decidiu ir embora. Nada mais sobreviverá aos efeitos do senhor tempo.
As placas tectônicas estão se movimentando em uma velocidade imperceptível, mas se movem de acordo com sua natureza.
A nossa fragilidade foi exposta e tudo, até mesmo o poder está esfacelando.
No panorama mundial é possível notar que o homem de forma voraz está em diferentes espaços, mas no mesmo tempo lutando por poder e não pela sobrevivência.
Tsunamis, guerras, meteoritos, tempestades solares, aquecimento global, o desequilíbrio do planeta é visível, é preciso rever os nossos ideais.
Estamos vivendo os reflexos das nossas ações, um efeito dominó que arrasta a humanidade para o declínio.
Se destruirmos o planeta, o poder será inviável para conceber a vida. Vivemos em um planeta frágil, na periferia da vasta galáxia; mas nos delegamos superiores, os “reis” do espaço.
Ditamos regras, modos, normas todas instituídas no materialismo, negando a essência humana, a arte coletiva do viver falsamente pregada nos inúmeros discursos políticos.
O mundo tornou-se individualista. Desde o surgimento dos grandes feudos na Idade Média; a propriedade nos fez proprietários, delimitando os espaços, oficializando o poder como ordem suprema.
Precisamos cultivar o mundo, não os micro espaços, pois é necessário o todo para a nossa sobrevivência.
2013 é o momento dos grandes colapsos no seio da sociedade humana. Os protocolos serão quebrados, os portões fechados há séculos se abriram. E no céu veremos o sol do novo mundo.
Seremos obrigados a enxergar a realidade, o mundo alienado será extinto do contexto que envolve o planeta.
Grande parte da humanidade morrerá, para que uma pequena parte aprenda o real sentido da existência terrena. O homem pode até tentar prever o futuro, mas tudo acontecerá na surdina, quando notarmos as grandes transformações terão se concretizados para o bem de todos.
A evolução não se estagnou com a teoria de Charles Darwin, o mundo está em um processo de lenta e longa transmutação.
Não sei por quê? Mas dentro de mim, o sinal que algo irá acontecer, mudando o percurso da história da humanidade.
2013 é o ano das grandes lamentações, do pavor coletivo, das descobertas impactantes e profundamente mortíferas.
É dada a largada para as futuras guerras mundiais, se iniciando a luta pela água, pelo ar, pelo verde que a cada segundo se esvai. A guerra virtual também se inicia, consumindo o mundo contemporâneo, se alastrando até os dias depois de amanhã.
O temido contato com extraterrestres se consumará sem censura da mídia e da NASA, confirmando que não somos os únicos na infinita galáxia. Jesus disse: “na casa de meu pai a várias moradas”.
A ficção cientifica hollywoodiana naturalmente ganhará vida através dos efeitos gerados pelo próprio planeta e por outros lançados contra o mesmo.
O medo, a depressão, a insegurança, a morte em grande escala será o mal do século.
O fim se revela próximo de nós, é fundamental renovar, transformar, mas estes fatores se concretizam após a finalização de um ciclo ou de vários ciclos.
É visível que não precisamos de previsões de Nostradamus, de calendários que anunciam o fim; vejamos os mecanismos do planeta e da vida e notaremos o constante movimento que propriamente declara a chegada de uma devastadora mudança, que é regida por leis da natureza que vão além da nossa concepção humana.
Em suma, a evolução é um processo doloroso, mas um bem necessário para sobrevivência da humanidade.

Dhiogo José Caetano

Herói Ultrapassado



Sufoquei minhas mágoas em copos de Vodka
E ateei fogo em meus sorrisos
Corri nu e descalço por entre pedras e espinhos
Te perdi pro mar.

Comprei tristezas no mercado mais próximo
e me entupi de solidão.
Roguei felicidades no seu futuro
Pensei ser um herói por maldição

Compus canções inteiras sobre minha morte
Escrevi rimas pobres com suas desilusões
Vomitei vespas por ter sorte
de viver em várias dimensões

Quis te esquecer tarde
junto com coisas que me apeguei
Te apagar seria me apagar.
Impulsivo, me apaguei.

Marcus Cardoso

Eu, flor


Eliane Barreto


Vigiamo-nos da angústia que mata, que nos deixa refém
Ela é corda de nó cego, que sufoca, sufoca e maltrata
Ela é aperto, que degrada, que dissemina, que estraçalha
Ponto fixo – obsessão – paranoia de fluxo continuo
Angústia: estraga tudo que te deixa vivo

Prolongada és essa maldita, que se arrasta e impregna
Poço fundo, seco e escuro, nada ilumina
Duradoura, oh fado medonho: angústia, angústia, angústia
Tu existes também em outros mundos?
Angústia, que aqui tanto tempo perdura
Porque a felicidade só dura vinte e dois segundos

(Ítalo Lima)

Soneto sem título



Impossível ignorar a tua ausência,
Tu que eras a minha contraparte,
A outra metade da minha essência,
Por que enfim me abandonaste?

Nas noites frias, solitárias
Ou nas festivas, baladeiras
Do meu cheiro tu não desgrudavas
E tampoucou eu ti abusava.

Fostes tu na brisa que passou...
Não sei se ainda voltarás,
Se ainda meu peito te tragará.

Sigo em frente com o que não restou:
A carteira vazia, a fumaça, as cinzas,
O café preto e as doses sem nicotina.

Giva St

Um (ou Do Término)



E o céu, outra vez, se fez cinza
Tudo como antes, tudo como sempre
Talvez o eterno retorno do mesmo
fez seu papel de carrasco

E do amor fez-se amor próprio
assim como do ódio a indiferença
E do tudo, o nada se criou
a fênix, desta vez, não renasceu

Quando o egoísmo se torna virtude,
o Porquê se torna uma ofensa

Marcus Cardoso

A felicidade só dura vinte e dois segundos


Ítalo Lima

Maquiagem



Melhor que pregar é viver aquilo que pregamos.
Nas ruas corpos ambulantes trafegam.
Seres maquiados pela ilusão de um contexto que se distância da realidade.
Um movimento de copias, quase que perfeitas...
Espaço que transborda a luta de egos.
O eu sempre está em destaque.
O mundo do outro é esquecido.
A sociedade capitalista esquece o ser, enaltecendo o ter.
O egoísmo se fecunda e “ninguém” se vê.
A propriedade privada é constantemente pregada.
O que será deste mundo?
Precisamos trabalhar o viver e a vida.
Difundido a arte de sorrir para todos e tudo.
Sejamos nós mesmos...
Chega de maquiagem!

Autor: Dhiogo José Caetano


Teu coração é como um lago escuro
Onde a imagem de uma lua fria
Tremula - uma bandeira que desfia
Cantos de glórias esquecidas... Muro

Sem portas ou janelas para o dia,
Que o tempo vai tornando assim mais duro
Com as pedras do passado e do futuro,
Tijolos de esperança e nostalgia.

De dentro desse coração sombrio
Emana loucamente, como um rio,
Um jorro da mais clara luz que existe.

Mas não engana um velho arredio.
Muro, sei que teu corpo anda vazio.
Lago, sei que teu âmago é triste.

Igor Roosevelt