quarta-feira, 3 de julho de 2013

Sobre amores e prateleiras


(Quanto custa?)

Aí você percebe que as coisas dão certo porque você corre atrás, não respeitando os limites de tempo e espaço porque não são eles que devem determinar o rumo das coisas. E percebe ainda que se você deixa de tentar, as coisas deixam de acontecer porque você é o alicerce disso tudo e porque você está sozinha nessa, embora o outro esteja ao teu lado dizendo que quer tanto quanto você. Tô cansada de pessoas covardes, que não se arriscam e não se permitem ser poesia. Cansada de culpar o tempo por não ter alguém ao lado quando a proposta é justamente dividir até a falta dele. Não gosto de gostar pela metade, de querer pela metade. Quero alguém que possa me desejar um bom dia olhando nos meus olhos, como numa manhã de domingo sem pressa pra levantar da cama. Alguém que não tenha relógio ou fita métrica pra medir o que nos une. Afinal, existe um medidor? E qual o tamanho ideal do amor? Então ta, me dê aquele ali, aquele pequeno e aquele médio que estão na prateleira, vou levá-los pra evitar que outra pessoa os compre. Estou cheia de pessoas andando por aí com amores enlatados e cheios de conservantes. Amor de prateleira que vem até com bula se comprado na farmácia ou manual de instruções se vendido nos supermercados. E assim, transitam pessoas cheias de rótulos achando que o tempo é quem cuidará de tudo, como se amor fosse perecível. Amor com prazo de validade, data de fabricação, evoluindo com a tecnologia e se (des)envolvendo com a globalização. Desculpa, não quero não. Meu amor é aqui e agora porquê sou feita de afeto. Porque sou feita de poesia, rebeldia e arte!


(Alice Alencar)

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