quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Os gritos do mundo


De olhos bem fechados: para todas as adversidades, disparidades, mazelas, extirpações de um de outros historicamente construídas que envolvem, retorcem, esmagam e cospem a realidade que vivemos; imputados ao cego andar e caminho de viver sem olhar aquilo que aflige, que mata, que dilacera o próximo e o distante.

De olhos bem abertos: para os louros, as saudações, para coroar um festim diabólico (exatamente aquele da ótica de Alfred Hitchcock) da morte, bem vista pelo pitoresco cidadão de bem; pois aqueles arrancados, mortos, execrados da existência, fazem por onde, merecem o fatídico destino: morrer. Pelas mãos justas e sem culpa na fabricação de tipos e etiquetas sociais, pelo verossímil bem estar, pelo medo que aflige a maioria das pessoas, mesmo a morte sentenciada pelas próprias mãos é instância aceitável nesse exato instante. Palmas, condecorações, carnificina.

Estão no curso da história "n" exemplos de quem pensa com este olhos abertos e fez o silêncio daqueles que gritam por ajuda ou por isonomia ou por qualquer coisa. Morte não se comemora; matar não é um grande feito. Viver o é. Com os dedos sem anéis e com as mãos estendidas. Meus olhos são abertos para os gritos do mundo.

André Café

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