segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ParaNoia


Aboletou-se no peito,
Olha o espelho,
Olhos no espelho,
Olhos fundos grudados na cara barbada,
Alucinógenos usados como fuga.
Dedos amarelados,
A chama do cigarro aceso
É a única companheira,
35 goles de cachaça, 42 cigarros,
545 tragadas, um soco no espelho.

Monólogo entre quatro paredes,
Respostas caladas,
Gargalhadas que ecoam na cabeça
Saem pela boca,
Risos zombeteiros,
Risos histéricos,
Risos desesperados.

Cacos de um Santo Barroco
Espalhados pelo chão,
A fé,
Fé nas mãos,
A fé despedaçada no chão.

Cores vivas
Ferem os olhos mortos,
Acostumou-se a penumbra.
Cores mortas
Afagam os olhos cansados.

Cabeça transformada em labirinto,
Medos entrelaçados
Acordam, renascem
Na paranoia gritante.

É a culpa,
A culpa que corrói,
Destrói.
A vontade é de arrancar o coração
Usando as próprias mãos,
Come-lo,
Come-lo com devoção
Mastigar cada pedaço,
Digeri-lo,
Digeri-lo ate transforma-lo
Em uma víscera qualquer
Que não seja essa.

(Morgan)

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