sexta-feira, 11 de abril de 2014

Carta poética para um amigo


Aspirei a fumaça do desespero
e de repente vi corpos no chão
Barulhos
Paaahhh!!!
Lágrimas, gritos.
Mais uma mãe em prantos
Dois meninos, dois jovens
Não é mais um acidente
é mais um pobre, negro e marginalizado ensanguentado no chão!
Liguei a tevê
Mais uma moça trêmula no chão
Não é vitória da seleção
é mais 65% achando normal
A normalidade da violação, do trauma, da imundice humana
Comprei mais um pastel
ali no Centro com caldo de cana
No mesmo momento um ser no meio do lixo
Não era um cão, não era um gato, o fim deste verso nós já sabemos.
Lágrimas, sangue, dor, dor, muita dor
Tanta dor, tanto ódio, tanta, tanta, tanta...
Revolução
Mas apenas um rapaz latino americano
sem porra nenhuma no bolso
com sonhos e revoltas
Um cabelo comprido e uma barba pra fazer
já não se contenta com apenas vinte centavos
Cresce a flor no seu coração
fermentada de amor e indgnação
Démodé e à la vonté menosprezando a riqueza
Sonhando que se ultrapasse o simples pedaço de papel
Em luta horizontal com 2 meninos, uma menina e um homem no lixo
Cantar, cantar, cantar
Não tendo vergonha alguma de ser um eterno aprendiz
Bravo, o grito do oprimido
Bravamente como um ser Valente
Amigo, seu sangue já não contenta a imunologia do capital
Bora, pega tua indignação e "pixa"
"Pixa" a incoerencia da contradição de ser jovem e não ser revolucionário
Avante amigo, avante!!!
(Miguel Coutinho Jr.)

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