segunda-feira, 13 de outubro de 2014

tomada um


jodorowsky levou-me ao topo da montanha sagrada
onde apresentou-me a um escritor e a um professor que
aguardavam tarkovsky enquanto ouviam uma sinfonia
do lôbrego tchaikovsky em uma vitrola antiga e oxidada
observei pessoas do jazz que chegavam de new orleans
e pessoas coloridas que traziam flores em suas vestes
e pessoas que fitavam o céu com sofreguidões de titãs
eu pude ver o resplendor dos beatniks que tocavam
bongôs e se embebedavam com antimaterialismo e
eu avistei kerouac e ginsberg nus em busca de neal
cassady e suas mulheres e vi burroughs e alguns gatos
e algumas drogas e ouvi doors e o poeta morrison e
então começou a chover e a água inundou as poesias
simbolistas que estavam penduradas em um varal
que ligava rimbaud e verlaine ao flâneur baudelaire
jodorowsky abraçou-me e disse que frida e dalí não
se atrasariam e que guevara já estava sentado ao lado
direito de marx e logo vi que rosa luxemburgo também
estava ali com lênin e stálin e resolvi abrir uma pequena
porta e encontrei arendt & heidegger e beauvoir & sartre
e fechei a porta e caminhei observando todas as situações
que se criavam na minha frente e ouvi alguém chorando
e segui o som do pranto até encontrar um homem que
estava sentado em um canto e percebi que era nietzsche
e nada disse
apenas sentei-me ao seu lado
e chorei
e jodorowsky nos dirigiu

(Laís Grass Possebon)

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