quarta-feira, 22 de abril de 2015


Tem risco de eu virar pedra de beira
e tomar banho de rio pro resto da vida;
pois o sistema quer que eu passe
e desapareça,
enquanto o único corre que preciso
é o da correnteza

Pedra, seixo, lajeiro, lodo e lama
que seja meu céu, véu, carne e cama;
num suspiro do dia, amanhecendo frio,
pela tarde forte, de assombrar os brios
pra que à noite, durma o desafio

André Café

terça-feira, 14 de abril de 2015

Brotem


Parecia quase noite na sombra do galho:
era prenúncio de chuva.
O sol dourava no contraste de luzes foscas,
faíscas de relâmpagos varavam o céu.
Vorazes encontravam nuvens retintas,
derramadas tantas tintas nos tons acinzentados.
Estados de espíritos incandescentes,
cândidos complacentes respiravam rosas
do povo as vozes ensurdecidas
esgarçadas espremidas no reflexo da parede.
A terra mata a sede de suas raízes,
felizes esverdeavam o solo com sorrisos.
A brisa do espetáculo virava vendaval:
o tal dilúvio intenso dava as cartas nesse jogo.