domingo, 21 de fevereiro de 2016

Micro, Macro


Ao longe, ao tédio, madrugada atravessada.
as poesias de amor e dores; o que comer ao amanhecer?
sonhos em rede, de frustrações e desgastes
mundo obsoleto em seus rumos e disparates

Antes que o Sol declame a rotina,
antes que os filetes de luz liguem a programação,
penso, por que não a fuga, o escuro, a interrogação

Como um atenuante egoísta para meus desgastes,
arranhões que não desprezam as feridas do mundo,
também são dele parte, coladas umas as outras
numa pilha anestesiada de vidas rotas

Queria, antes do raiar diário,
atos temerários, entre o medo e a liberdade
desfazendo os sonos, feito rojões na realidade

Olhares acesos,
o mundo desnudo;
por outros caminhos
além do absurdo

André Café

Sem história


Uma fração de segundo perdida;
o mundo passando pelos olhos,
mais uma ilha erguida pela vida

Para que adentrar-se, se o traçado já se anuncia?
volta e vive; vive e volta; a mesma rota, errata;
parece que em cada pranto pronto, o corpo de delicia

Uma fração de segundo perdida;
o refletir inócuo em sua nascença,
não suga o sangue da veia ferida

Uma fração e o tempo;
uma feição em memória,
um coração sem história

André Café


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Canto


Canto;
pra distância ser o tempo de um acorde,
o espaço curto entre as notas,
o milésimo de instante antes do som

Pra quem eu canto?
aos amores; há quem discorde
aos quatro cantos, por várias rotas,
saudoso, mas sem perder o tom

Mando de mim, um bocado
entre tantos versos cantados
pra moça que quase morre ouvindo
enquanto chora, cantando, sorrindo

Para quem tem toda saudade
pra expiar minha ansiedade
a melodia, quem sabe, vai criar
a força para que eu possa voltar

André Café

Amar a pé


Atraso, acorda, a corda da engrenagem
do tic-tac cronometrado,

Pão e queijo, pisa lento, sono, bocejo,
o vento alento, corre apressado

O sol que chove e seca, molhando os passos,
cadarço e um nó desajeitado

Corre, levanta, puxa e empurra, o peso não se segura,
atura mais um bocado

A folha passada, site revisitado, plugado, favoritado,
no delete deleite foi esquecido

Afoito afeto que nem está perto, e aperta esse meu peito
de jeito que tô assim tão avexado

Procuro o diacho, não acho, procuro nos bolsos e segredos,
é cedo, mas sem nenhum trocado

Assim que segue, num leve passar de melancolia,
queria somente teu lado

André Café

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

De madrugada, a gente questiona 7


Morfeu me olha com astúcia;
sabe que meu descanso é 'trôpego' e sensível.
pudera, são noites a fio em angústia
murmurando aquilo que foi e impossível

Sabe do destino, as areias entre os dedos
pois assim foi, como se brincasse de Deus;
mudasse apenas um segundo do enredo
para a certeza do não 'esqueceu'

São tácitas as palpitações pra dizer, em buscar;
o que exatamente está intangível,
inalcançável, nebuloso, feliz distante

Aos amigos, um repetido e falido pesar,
um canto de choro irreversível,
um dia que já nasce errante

André Café


LXIX


Tarde ganha de suspiros
Cheias de manha.
Minhas pernas bambas,
De securas mais que brandas.
Deitados nus e sem vergonha
Sem fronha nem colcha
Sua coxa sobre a minha.
O dedilhar caminha ao teu sexo
N’um puro desfrutar
Do louvor de teu corpo,
Que para tanto,
me ruboresce teu suspiro.
De alegria faz, tua rosa
delicada e bela,
O meu espirito.

William Feitosa Júnior

Um Novo Alvorecer


Nobres irmãos e irmãs, desejo que esta carta chegue a cada um de vocês, e que possam compreender as linhas que aqui transcrevi.
Olhemos o mundo à nossa volta, conectando-se com as forças ocultas que promovem a vida.
Cultivemos o bem nas nossas ações diárias, fazendo do cotidiano conturbado o mecanismo de transformação do nosso ser.
A vida é um convite à renovação, um fluxo que pauta a revolução das criaturas.
Precisamos valorizar as oportunidades generosamente ofertadas pelo universo.
A nossa missão é amar sem renunciar o dever de viver os dias com coerência.
Perdoemos, pois necessitamos do perdão para nos libertar dos labirintos da culpa.
Sorria, mesmo com a dor física e moral. A arte de contagiar o mundo nos energiza com essências salutares.
Eliminemos o medo patológico, pois precisamos compreender que somos imortais.
Acreditemos no impossível, a vida é um milagre que ocorre a cada segundo.
Compreendamos que a educação é o único caminho capaz de nos levar à paz mundial.
Enquanto o ego ecoar no seio da humanidade, assistiremos a morte de seres inocentes na guerra.
Extinguir as reações egoicas é um dever nosso na caminhada por um mundo melhor.
Convido você a olhar nos olhos do seu irmão.
Presenteie todos que você encontrar com um abraço.
Pratiquemos a arte de agradecer, esquecendo-se de reclamar.
Na amplitude da nossa capacidade intelectual codifiquemos as luzes da sabedoria.
Meditemos, oremos, vigiemos, estudemos...
Vinculemos com o cosmo.
Contemplemos a natureza.
Respeitemos o planeta que habitamos.
Acima de qualquer coisa, coloquemos o amor no alto do totem.

Dhiogo J. Caetano

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Para entender


Em mensagens ditas, olhares ou gestos,
o decifrar de cada esconderijo teu voa ao longe,
mas não desanima,ou enlouquece:
um riso no rosto, pelo roto caminho desconhecido,
traduz-se mais e mais numa paixão, para poder o sim
ter efeitos de sim, mesmo que suaves ou momentâneos

Desse dizer afirmativo, explodem em silêncio
oráculos, mitos, segredos e nada mais; ou quase tudo
no mudo processo tentado a tantas léguas de corres
aquilo que me socorre, é tinta, suor e radicalidade:
os muros cospem a verdade
daquilo que eu sempre soube
e sempre desejei saber

O jato no ato é tão forte que espalha ela na tela;
não letras, não poemas, mas boca, cabelo, mulher
ela é o spray do dito gritante, na fagulha do tijolo,
na centelha da noite proibindo,
e na garganta embebida de subversão
então, falo pra ti, parede, muro, ciência
não pensa sobre isto; existo em gostar
e aprecio, as palavras não ditas
refletidas no jogar

André Café

Pois terá seu fim


Lacunas;
cada ponto,como uma duna no vento desfeita,
coaduna com o adorno esquecido no salão
já é carnaval e tal, e por um segundo
silêncio ...
ante os tambores de passos e pulos na avenida sem fim
o canto que já era ensaiado, esquece de si; do rouco ao mudo
e assim o samba, de mais centenário que seja,
falta o cantar de realidade.

E cadencia qualquer anúncio,
da fantasia desbotada, chuva e choro, no coro colorido
daquilo que se foi e nem será enredo:
o desde já desejo, de enquadrar o passista
na pista, na lista, da ilusão capitalista

André Café

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Fragmentos de Campo Maior


Tem os campos mais lindos que vi
De tal formosura que encanta ao ver
Sua serra, seus rios e o Açude
Que é lindo e não se pode beber

Na terra de onde se aprende a amar
De verdes campos, Açude Grande
Heróis do Jenipapo e festejos do santo
Do Rio Surubim e Serra de Antônio

Um berço de pensadores na sombra
De poetas e grandes professores
Esperando pelo reconhecimento
Mas há de haver quem os ouça!

Campo Maior! Que viva os santos!
O Antônio, o Pedro e o João
Cante seu torrão querido
Esconda seu cinismo no leilão

Solo de gente sofrida sonhadora
Solo que abriga um povo abalado
Terra de gente com olhar sofrido
Terra de gente gananciosa e safada

Um lugar onde "já teve"
E porque não há mais?
Ninguém quer plantar semente
E quando planta ali jaz

Lugar de vários jovens perdidos
Nas esquinas, nos bares e nos cabarés
As ruas cheias de mendigos maltrapilhos
Fumando cigarros, cheirando a café

A juventude que sonha em crescer ali
Contaminada pelo pessimismo diário
Não sabe se irá sair daquela vidinha
Ou morrerá trabalhando no Carvalho

E dos tolos que sonham e saem de lá
Com esperança de conseguir crescer
Sofrer na Capital pra se formar
Voltar pra Campo Maior e perecer

Se volto e amo essa cidade
Por esses versos não se engane
gostar daqui eu até gosto
Mas a cidade não traz ganho

E saio daqui deixando família
Voltando a rotina que sei de cor
Sonhando um dia voltar de Teresina
E viver bem em Campo Maior

Enquanto o sonho não se completa
resta a amargura e a desesperança
De voltar pra Campo Maior
Berço de um povo sem lembrança

(Início em 25 de Maio, concluído em 31 de Agosto de 2015)

Indiferença (ou seria falta de amor?)


Por dias falo comigo mesmo
E sempre me pergunto o que faço
Porque te encontro se não lhe quero
Tento fugir do seu abraço!

Não me seduz a calma
Porque o que me abala
É essa aflição barata
Maltrata! E como maltrata!

Onde não te vejo você se faz
De vez ou outra aqui jaz
Tenaz! E eu incapaz
De fugir! Em mim teu cais.

Brota em mim a repulsa descontrolada
E a amaldiçoo por trazê-la
Novamente, irritante, impertinente
Impreterível, invisível, amor decadente.

Por vezes falo comigo mesmo
Se o problema de estar contigo
É a languidez fúnebre
Ou meu desprezo insistente.

09 de novembro de 14

Hugo Barros