terça-feira, 14 de junho de 2016

Prólogo III da saída de Cocytus: A perfeição do controle

Demon transformation by arskuma

Parecia flutuar, o pensador incrédulo diante do epílogo da história em que se achava um mero observador, mas acabara percebendo o quão era partícipe se tornara de toda trama. Onde ele via desespero, o prognóstico era bem mais cáustico e dilacerante. Passava relutante os olhos em alguns escritos, para entender o que perder, onde deixara escapar o âmago, o cerne de toda questão. Mas já sabia da limitada e cerceada potencialidade de observância humana, que quando não fechada num fulcro de egoísmo e pedantismo, é em essência a ingenuidade e o púlpito da ignorância. Acredito que nem mesmo o sábio residente dos prados do inferno estaria a cima desta máxima. A não ser que de própria vontade abdicasse de sua humanidade animalesca.

Incauto, simplório. Mas insistente em reaver algum sentido esquecido em suas análises incipientes. Aquilo me transbordava de cólera.

- Subestima que este patamar de resoluções nada tem a ver com a mínima existência da humanidade? É erro, fim, está fadado. Aceite. Admita a imprecisão por sua própria limitada percepção da realidade.

- Nunca quis me por como arauto de todos saberes, jamais esse fora meu objetivo. Minha relutância em rever escritos não é procurar falhas, lapsos causados por observações incipientes. O que estou averiguando são as comprovações que há muito relutei em não compreender ou aceitar e que se mostram fato. Inclusive o fato de sua análise precipitada, mas com carga de sarcasmo, tal qual Satan fazia. Isso demonstra o grau elevado de sua abdicação de humanidade. Sei que não é o fator humanidade que determina níveis de sabedoria ou não. Mas as ideias de supremacia e sectarização podem ser determinantes fortes de limitação em suas observações.

- Então me acusa de atrofia perceptiva sábio? Onde me encontro agora? A despeito do seu convite, o que me tornei em poucas horas nesses prados? Cá estou soberano de todas estas terras. E isso você coaduna a ideia de deficiência?

- Enganado mais um vez meu senhor. Nem deficiência é analogia para tal caso, nem o julgo de atrofia perceptiva. Mas sim de uma limitação consciente para confirmar uma linha ideológica e teórica. Uma limitação que mostra que não há outros caminhos, pensares, observações a serem feita. E o julgo da força, pelo contingente de alados e caídos tanto aos seus serviços quanto aos de Satan e Metatron, é a facilidade como a sua teoria é afirmada, Enganei-me numa coisa só: não é tal como Satan, você comete equívocos de principiante. Só não sei se por inexperiência ou pelo nervosismo de toda situação.

- Obviamente que inexperiência e nervosismo estejam presente nesse momento ímpar sábio. Mas minha sagacidade não deve ser confundida com equívoco. Estou abreviando o tempo que este sistema levaria para se maximizar numa plenitude. Isso justifica minhas leituras exórdias. Não são leituras iniciantes. São anúncios para o que virá.

- Hum ... e o que seria?

- A perfeição do controle!

O sábio continuava perambulando pelos papiros. Uma luz ao longe, cada vez mais intensa. Satan e Metatron pararam.


Duque de Copas no caminho de Epizêuxis Semântica

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