sábado, 23 de dezembro de 2017

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Eu me apaixonei por aquela moça;
ainda não sei o porquê, ainda não sei o saber,
não me fiz conhecer, num incipiente caminho.
nos caracóis que brilham, na sua tez que mira,
no olhar furtivo de cada manhã,
no mergulho exaustivo de viver,
Eu me apaixonei por aquela moça, ponto a ponto,
por tudo e por nada,
sem saber sua voz, vez, vivaz
eu só sei que por demais,
é paixão por aquela moça,
intrépida, altiva, certeira,
Eu me apaixonei por aquela moça, sem eira na beira,
Eu, você e o tempo,
as margens do cais de um porto longínquo
onde só eu aterrisso;
lá na morada do íntimo,
no lugar do sentir
Eu me apaixonei por aquela moça,
na letra do samba, na frase da prosa,
em polvorosa, em plenitude,
tato e som, sonho e realidade,
eu nem sei da realidade;
Eu me apaixonei por aquela moça, saudade.

André Café

Processo

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Como se possível fosse o infinito do mar,
atender as minhas preces e salgar cada pedaço de terra,
encharcando de maresia, cada velha olaria antes vibrante
quisera eu, mergulhar no lodo de mistura brilhante.

Junto do barro e da salina, moldar-me mais sabor;
do vento, do equilíbrio, do preparo e do sentido.
talhar cada parte, seivar cada lágrima, unir cada ponte
quisera eu, untar-me no cerrado e Sol escaldante.

Do perfeito processo, os enganos surgiriam,
mas fui feito a tez da perfeição, como o mundo gira assim?
arrasa em pedacinhos, explora em demasia, destrói a fantasia
quisera eu, migalhas de sentimentos no dia a dia

André Café

Reencontro o ponto

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Estes ares nada me atiçam pelo verso;
e não foi falta de milhagem,
ou mesmo de aprofundo:
no escuro do cimento e asfalto
o poder, o frio seco, e um sem tato.

Outrora distante, sem pensar em cidades
caçando o ardor no peito de quem passa na rua
à toa, são milhões de histórias,
trajetos entrecortados de ternura e tristeza;
só um gole de cerveja trás leveza?

As vias não falam o que penso escutar,
o silêncio que me grita é alto e claro breu
sou eu ou são todas as coisas?
Me mova, qualquer fita em embaraço,
para quem grita, fiar o meu abraço

André Café, dias sem poemar