sábado, 31 de agosto de 2019

Ali verve

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Passos arrastados pelo vão do porém;
cacos pequenos trazidos a tona,
é só mais uma surpresa cotidiana,
no impulso de se dizer amém.

Segue o tracejado clamando sabedoria;
tatuadas rotas, na tez tacanha,
mesmo a resposta dada se acanha,
pois grita na veia o sorvo de poesia.

Risca e se imagina, letra após tempo;
mais marcas indesejadas em sorriso,
sóbria, pinga seco o regozijo,
esfarelando o alicerce firmamento.

André Café

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Invencível

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Um arrepio de chuva e sabor,
torpor, adormecido em sobressalto,
não esperava ver mais um amanhã,
montando a vida para o próximo ato.

Enquanto as criaturas que nos perseguem,
medo, dor, desesperança e sofrimento
orbitam no sono profundo,
vamos até a boca do mundo
olhar para o infinito em movimento
e catar bons punhados de coragem.

Tudo dela em explosão
mas a carne amua a ferida;
somos sós? Não neste lugar:
Há ênfase no cuidar;
na camaradagem despida,
existe arder de ousadia e paixão.

Um arrepio de chuva ao sabor
é sol e sal, pelos lábios tingidos
uma manhã de ferro e desafios
num lado a lado invencível.

André Café

Caleidoscópio

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A clara tez, firmeza em luz;
furtiva ao tato, resiliente.
Ora beijo, ora nunca mais,
ora cais de porto, nau fugaz.

Intensa ao tango e vinho;
um sapateado e até breve.
Tão logo, tal longo caminho,
escondido em dose de carinho.

Enevoado em sombra e distância,
fluxo "me aperte" e "me condene".
Um passo a mais, sabor da dança,
é o pulso ardor de intemperança.

André Café

sábado, 3 de agosto de 2019

Par

Resultado de imagem para falta uma parte de mim



Despedaço;
cada naco, num descompasso,
se ardis, cadafalso;
se feliz, desatado, desalinho, ao avesso

Só me teço em incerteza,
cada parte é arte e fim
miro os olhos, estremeço
em todo meu corpo, falta um traçado de mim

André Café

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Um cisco

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Enxergar aquilo que nego,consumir, dirimir, um engodo ensejado;
tantos versos cantados, em bustos que perecem
e carregam junto o povo, numa dança de oportunidades.

Cantam ao longe: uma preciosidade encrustada no nada;
riqueza e diversidade a troco de sangue, suor, saraivadas e concreto
é tão brando meu grito, apenas cisco de outros rabiscos,
alardeando que o nada é o progresso, é o manejo de vidas, é o pacto defecto.

Pulsa, remonta, esquadrinha, do eixo ao entorno,
encastela-se o voo em corações ocos, âmago da rendição
nego, contradito: o que é dito e paz, capataz do medo,
um cisco, num areal excessivo, ao ponto de explosão.

André Café

Deserto fanático

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jorgefrancisconi.com.br

Cede ao frio forasteiro;
num abrasar de reminiscência
amuada cada nota de sonho,
cada ponto de existência.

Copo meio cheio, vento vazio,
trépido olhar em ilusão de sobriedade;
enquanto o por do sol evapora a tarde,
lânguida lágrima soluça a verdade.

Não sou eu o mentiroso,
alardearam o fim da história;
num verso, que não cabe o tempo
o rasgo num trago, por fim de memória.

André Café