segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Prólogo I da saída de Cocytus: Sócrates envolto em reflexões, observa o brinde


Um brinde demasiadamente delirante; com risos intactos e certeza de vitórias ideologicamente construídas. Mas como chegaram a estes acordos? Saberia a divindade, pela suposta onipresença, de tudo o que aconteceu até então?

Satan, este sim, parecia carregar mais esta alcunha do que seu próprio criador. Com seu devido limite, evidente. Da mesma forma para com a divindade. Mínimo se pensar que é de uma contradição de proporções espaciais tudo saber e observar o jogo de carnificina que se desenrola pela existência da humanidade e não fazer nada. A divindade deleita-se sobre os destinos traçados? Onde entra o livre arbítrio na onipresença?

Estes pensares atravessados, transversalizavam minha mente, que procurava compreender todo o processo que nos guiou até aquele exato momento. De como ações minhas, deliberadamente feitas de acordo com minha liberdade no inferno, contribuíram, foram peças chaves para as condições se apresentarem daquela forma.

A carta enviada para o Duque de Copas foi o elo principal, o selo definitivo para que o plano maior de Satan e Metatron alcançasse êxito. As motivações minhas não foram irrelevantes. Ao longe eu observara o Duque e seu desenvolvimento em misantropia. E como o via como condição para minha cosmogonia, o próprio aleatório se mostrou organizado. Outros também demonstraram um potencial. Tanto para a esperança, quanto ao caos. Mas observavam também os seres alados e infernais. O vento temporal que levara minha mensagem pudera ser controlado? E minha vagueando no instante mais destrutivo da existência humana.

Minha provocação reverberou mais que o esperado ao destinatário. Ele se encheu de fome e sede por reconhecer toda a realidade dos outros mundos e afirmar, pela ponta da espada e do linguajar, o caminho finalista que a humanidade construía. Que não haveria sangue o suficiente que pudesse fazê-lo ver as cores, sentir-se com ânimo. Mas que assumir a cadeira mais alta e imponente do inferno lhe parecia um delírio a ser sentido. E só agora, embora antes desconfiava, isso vinha em meus devaneios com mais convicção.

Os braços erguidos; as taças no mais alto patamar de glória. Sem expressão vacilante. Refleti sobre minha existência naquelas terras; tanto me movi para uma pretensa cosmogonia da história humana, mas obtive muitos elementos de fontes genuínas das origens de alguns sentimentos e virtudes. parecíamos, naquele último ato, quatro deuses, entre o respeito e a destruição iminente.

O brinde findado, garganta embebida. Satan, Metatron e Duque, rumam para o centro do palácio do regente ... Uma luz emana sobre nossas sombras ...

Sócrates jogando poker em Cocytus com Satan

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