terça-feira, 23 de novembro de 2021

Ordo delírio

 


Na impressão de tempo lento
décadas de milhas arrancadas
fui um sonho de alento e carinho
e de sobra, ruínas "fractadas".

Não sou eu o mentiroso, é a lâmina neoliberal
encravada no torso do equívoco,
esgarçando o tácito centavo do fim de mês,
poupado para o alto epílogo.

Não, sou eu, sem lides;
aguçando a ideia do fracasso,
almoçando as entranhas do fetiche,
delirando no ordo mormaço.

André Café

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Constituição

 



Constituição. Mais que a palavra escrita, é a púrpura corrente; 
mais que regramentos, é a razão compartilhada; 
mais que devemos e não devemos, é o que somos. 

Descontínuas constituídas de negralidade. 
Assim, forjado, bem ou mal, no semear de 
bárbaras mulheres em circularidade.

1889 - Maria Balbina da Silva;
1917 - Francelina Maria de Jesus e Silva;
1938 - Deusimar Laurinda da Silva Oliveira;
1964 - Conceição de Maria da Silva Oliveira;
1983 - André Oliveira da Silva.

Tatara, bis, vó, mãe, filho.

André Café



segunda-feira, 17 de maio de 2021

O mundo do ar




O pé talhado na terra úmida,

marca afetiva do labor germinando;

o vento toca a ponta do céu com cuidado,

levando o afofo de beira,

para chorar a ribanceira

das nuvens que vão se aprumando.

 

Trago forte na chama verde,

trabalho coletivo construtor;

o sumo da sobra é barro a se modelar,

forjando no ardor da fogueira,

a vida altiva e arteira,

ciente, sem peso e indolor.

 

Planeta esse, pra qual rumo?

Sonho cadente é fácil de achar:

Não se esconde, mas incita revelação;

floresce em cada fileira,

supera toda fronteira,

dos cantos do mundo do ar.


André Café

De madrugada a gente questiona: zero

Link original

 

Já não são trocas de turnos,

cada dia mais a paciência com sono é uma derrota previsível.

Sonhos desfigurados em poucos segundos

não sustentam mais o corpo: morada da sede infindável.

 

Quanto tempo leva para se esquecer o instante?

Dobram-se ao meio e aos quartos partículas de quintessência

enquanto a massa de pesares se avoluma e toma espaço,

faz-se percalço que se alimenta do amanhecer.

 

Segue mais um dia, respostas sem questões e condições contraditas,

melodia de um réquiem às avessas que regozija da aflição:

sons secos do amargo calor, que respingam no peito com vontade,

invadindo a mais vil sobriedade, semeando o mais coerente dissabor.


André Café

Anoiteceu; anos 2000 na cidade brutalizada

 



Fim de tarde ou de noite,

aquele abrasador conhecido; vento de paragem, céu sem milhagem.

Aponta para o universo o incerto destino de andança;

apenas mais um jovem nas aventuras de devorar praças e passagens.

 

O ardor sempre esteve, mas adoçado com calmarias:

da Frei pro Mocambinho, Saci ao Promorar,

cai a noite nas calçadas, pra esperar a brisa do norte,

o fervor no último gole para depois a gente sonhar.

 

Passa ponte, pinga lento, o menino ganha as ruas;

ainda sente o verde, o cheiro manga rosa, o detalhe de cidade.

Não que o urbano capitalizado já não devorasse sentidos, espaços, pessoas,

não que o aperto imposto não sangrasse nossa vivacidade.

 

Tão pouco tempo levou à quimera e transrupção;

a cidade engole as crias, no silêncio e invisível.

Atua para as torres mortas, amua para contradição:

amor, ao concreto; blasé, aos ritos dos povos vivos.


André Café

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Contra-atacar



Por terra, lágrima e sangue,

fatiados em todo turno de nossa gente;

ardor, vigor e fé,

ainda que o pisar dolente.

 

Às crias, as águas e montes,

encarcerados antes dos olhos;

mas livres, por sermos seres,

ao fardo dos intransigentes.

 

Ao natural, criado e destruído,

com fome de essência e equilíbrio;

ainda que rasguem os céus anis

de progresso pungente.

 

Para o sul, pelo entorno,

toda palavra é aprendizado,

cada prática é uma formação;

façamos ferver a contradição,

subvertendo, arrebentando

a frágil normalidade;

sobrará pouca saudade

daquilo que queremos olvidar.

 

São tranças de tempos difíceis

que se complicam em nossas fragilidades,

arquitetadas em preditas formas.

Porém, do mais alto torpor,

nasceram as ruínas:

sedimentos fundais

dos sepulcros finais

gerados em contra-atacar.


André Café

Sem Assunto



No mundo em que se pisa na terra,

quebranto é feito homem: segurando forte o açoite;

atrasando o ponto da noite, esmigalhando o pulso que finge,

alimentando a fome de prece, apaziguando o corpo cadente.

 

Fé na brisa que cura as feridas:

ameniza o passo dolente, formigando a peia do mundo;

assunto, na forja dormida, a chave da tosse insistente;

escarro a gota de gente, que afunda no véu espelhado.

 

Embarco, no lume de horário,

cem cargas de peso da história, acobertadas pela ranhura.

não sou assunto da criatura, qual me padeço em meus percalços;

alvoroço cálido, falido, tácito e pungente, murmura.

 

Fogo temente, frio corporal; guizalham as articulações:

uma nota miúda, sofrida e semibreve, invertida verve.


André Café

Visão dessa paixão

 


Vejo o seu mundo com a verdade desse olhar,

que meus olhos trazem nesse ar que o vento faz. 

A Coragem diz-me que sou capaz de realizar e terminar:

esse lindo acreditar.


No Desejo desse medo, 

que torna a feição uma ficção nas dores do meu coração. 

Na Viagem dessa imagem, 

que brilha nessa ilha: A Lua e o Mar dentro desse Amor 

O meu Sabor.


Isabela Pazeto


O jardim da minha vida

 


Nesse jardim existem flores perto do monte que irradiam o Chão... 

Onde a luz brilha o reflexo dessa (essência). 

No Horizonte vendo as gaivotas, no céu, é como o passe leve da bailarina dançando no mar para contemplar esse lindo luar, que a noite vai deixar! Quando terminar! O amor maternal dos animais ,tocar a mais linda borboleta ao pousar na flor. Com esse mesmo afeto. O céu onde as nuvens moram, é lá onde eu quero chegar no mais sublime pensar de estar lá, onde eu sei chegar...  Só bastar sonhar.


Isabela Pazeto


Carinho de Amiga


 

La vem a Chloe, 

para quem não conhece: 

É a luz dos meus dias. 


É a Amizade que me guia,

nos caminhos da minha vida.

Sou a sentinela dela.


O que ela pensa?

É o que os meus olhos não podem ver. 

Mais posso crer. 


É a razão do meu viver, todos os dias

É o motivo da minha felicidade,

que dá sentido aos meus dias.


Isabela Pazeto