quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Negras tormentas agora

Imagem relacionada



Já se aperta demais o sufoco,
duma vida financeirizada;
aos holofotes, a ilusão da corte
da fuga ás estruturas, negada.

É mais que um edifício,
maior que uma lei;
mais forte que uma ideologia,
imane e imune a qualquer rei

Não nos apetece o abraço das correntes,
não nos enaltece o sacrifício do labor;
não nos interessa a pedagogia do carrasco,
não nos importa medir o terror.

A validade se esconde em cada mente,
em toda história e capacidade,
de olhar para o fato e, de fé, negá-lo,
com toda a pompa da sociedade

O fogo é transformador,
a vontade é destruição,
passo firme, com amor,
no euforia de monção.

Não haverá mais correntes;
se findará toda dominação,
seremos nós, as torrrentes
do curso da revolução

André Café

Sem pesadelos

Resultado de imagem para durruti



Rasga-se a pele para metrar o espaço de fala,
livre de julgo, e aponta sem medo,
incoerentemente justo,
humanamente intolerante.

Cada passo de diálogo,
uma pá de terra;
jogando nas valas o sangue negro e nativo,
o corre é se manter vivo, pelos desvios.

A face não oculta, no jornal familiar,
aparente é o fato, a densidade é fútil;
enquanto isso a carne sangra
ao sabor do ritual mercado

Doce amargor legal,
a morte se anuncia aos de sempre,
mas nem sempre se é criatura que não morde;
jaz o turno do silêncio

Quimera fascista, o algoz ao horizonte
cada grito findado será nossa fonte,
e nenhuma palavra será dita;
sem rendição, sem pesadelos
para nenhum caminho ser 'reandado'.


André Café

terça-feira, 7 de agosto de 2018

12

Imagem relacionada



Sempre falamos saudade,
e seguimos lembranças.
Não há erro, é presença,
que expressa nossa verdade.

Doze anos, de doses insistentes,
que enxergam a magia em letras soltas,
que percorrem a permissão por tantas rotas,
fazendo da coletividade algo presente.

Poesia, verso, canção, história contada, silêncio falante.
do pouco, do rito, da prosa e liberdade,
não se pretende ser a verdade,
mas produzir, pra fazer gerar o canto popular, adelante.

André Café

Indelével

Resultado de imagem para nuvem palavras



A gente te chamava de menina,
acreditando na dança que sempre seria eterna
e na folia que permaneceria,
fazendo você pequena pela eternidade.

Talvez até seja, mas o mundo devora idades,
o sistema se alimenta de sangue e suor,
nós seguimos, pra sobreviver, enquanto você se fez ideia
para quando sentíssemos saudades.

Passa história, vão e vem pessoas,
concreto, asfalto, cinza e calor;
nada parece convite, tudo parece granito;
que se desprende no grito da lembrança

E sempre vem; sempre gera, pra um suspiro de liberdade;
você, eu, nós, a cidade, o coreto, o passeio, o sem fim.
Mais uma vez no ligamos, mais uma vez nos abraçamos.
O sentido de finitude se esvai e permanece a convicção

Vem e vão destinos,
mas o que grudou nossas inquietudes
é indelével

André Café

12, mas 7

Resultado de imagem para 12



Na conta de 12;
no peito de 7,
na vida de doses,
de tempos algozes

Quisera infinito,
de verso e poema
ao som de revelia,
regendo folia

Meu bem, me perdoa,
a chama de mundo grita;
reborda a cidade inteira,
sem pano, eira ou beira

Nua, pelo noturno olhar,
cada lugar no mesmo passo;
poema, cante a voz das pessoas
não se encastele à proa.

Posso viver ou sonhar,
lutar, sempre que respiro;
mesmo as batalhas sem fim,
mesmo que diste de mim.

Mas a letra fala do agora,
por hora, tem lembrança
Saudades do giro que fez,
quando foi aquela vez?

Que a gente, na sina,
encontrou a menina
e pairou sobre a liberdade do dizer:
que hoje são 12, mas no coração são 7.
conta errada, difícil de esquecer.

André Café

Volta e rente

Resultado de imagem para 12



No fluxo, no rumo, no entremeio;
na despedida do acaso:
uma caminhada vertiginosa de mesmices;
sigamos, seguimos sequência.
e o lapso insurge, pra que olvidemos o inesquecível.

Ordeira jornada da mesma história,
empurrando o nexo para o fim,
de mim, de nós, das cores que acendemos
e ri triunfante, o domínio que se entregou.

Mas ele não espera, que nada se foi
ao passo marcado, tem piso torto,
tem memória aquecida, tem faro de verso,
tem sombra de rima, poema de esquina

Ela não se fez cinzas; amua na cabeça
e espera, mesmo que por um dia,
a gritaria desvairada solta e altiva,
na boca do mundo que fibrila

Vem e vai, volta e rente,
poesia daqui pra frente,
uma dose de fartura, pra vencer a amargura
intransigente

André Café