domingo, 11 de maio de 2014

Carta de Mural Improvável - para Dalila Cristina




Carta de mural improvável

Dalila Cristina,

Me permita uma deferência.

Se vossa mercê usa de óculos/ não o é porque tenha defeito algum.
Entrementes, por teu grau elevado/ – de modos e quero dizer o grau de acuidade visual mesmo – /é que estas lentes filtram o que de mau e mal no mundo exterior haja e aja/ a não importunar em sua íris e cristais foliculares e pupilares.

E, por seu outro turno também e ainda,/ te oportunificam por melhores escópios antever/ as boas cousas e os bens visíveis desta “brilhosa” vida tua,/ dessa existente essência vossa.

Antes de tudo, no entanto,/ os óculos enfeitam suas belas amêndoas coelhonetenses/ – e que, aliás, o ilustre poeta/ que assim nomeia vosso gentílico próximo/ e que enaltecera a Teresina,/ ao chamá-la Cidade Verde/ “bem gostaria é possível de poder ter entreolhares contigo”/ – as tais que abrigam luminosas e meigas (mas pernósticas, quando necessário é...!) castanhas médias vistas incríveis.

Mas peço-te, se é porventuroso aqui:/ use, não tire, abuse dos óculos/ – que só adornam (à francesa) sua bela face;/ mas por óbvio, é meu dever afirmar/: cuide tanto ou melhor ainda da vista quanto da voz;/ ora pois os sentidos se completam/ e teu equilíbrio é um bem natural místico!

E tenho certeza que vossa mercê é uma atriz de quilate, à qual soma-se a esforçada comunicadora, a tornar-se “comunicatriz”. Abram os sentidos que esta moça está a passar.
Abram-se as sentidas: que esta moça está a passar. E o carma é toda dela, não se iludam.

Poetiza tu; não, poetize você! Poetizai vós, poetizem eles, poetizem elas, poetizas, poetiza.
À Dalila Cristina, amiga e colega interessante – e até sou de poucas palavras, ela sabe – nos desinteressantes e inconstantes interprogramas da mundania no abstrato estado de cousas.

Segue-te, vida.

Por João Paulo Santos Mourão.
02/04/2013 ~06/04/2013

Para esta amiga sopoetisaporvir e todas as mais criticizem-me sem exceção!

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