Carta de mural improvável
Dalila Cristina,
Me permita uma
deferência.
Se vossa mercê
usa de óculos/ não o é porque tenha defeito algum.
Entrementes, por
teu grau elevado/ – de modos e quero dizer o grau de acuidade visual mesmo – /é
que estas lentes filtram o que de mau e mal no mundo exterior haja e aja/ a não
importunar em sua íris e cristais foliculares e pupilares.
E, por seu outro
turno também e ainda,/ te oportunificam por melhores escópios antever/ as boas
cousas e os bens visíveis desta “brilhosa” vida tua,/ dessa existente essência
vossa.
Antes de tudo,
no entanto,/ os óculos enfeitam suas belas amêndoas coelhonetenses/ – e que,
aliás, o ilustre poeta/ que assim nomeia vosso gentílico próximo/ e que
enaltecera a Teresina,/ ao chamá-la Cidade Verde/ “bem gostaria é possível de
poder ter entreolhares contigo”/ – as tais que abrigam luminosas e meigas (mas
pernósticas, quando necessário é...!) castanhas médias vistas incríveis.
Mas peço-te, se
é porventuroso aqui:/ use, não tire, abuse dos óculos/ – que só adornam (à
francesa) sua bela face;/ mas por óbvio, é meu dever afirmar/: cuide tanto ou
melhor ainda da vista quanto da voz;/ ora pois os sentidos se completam/ e teu
equilíbrio é um bem natural místico!
E tenho certeza
que vossa mercê é uma atriz de quilate, à qual soma-se a esforçada
comunicadora, a tornar-se “comunicatriz”. Abram os sentidos que esta moça está
a passar.
Abram-se as
sentidas: que esta moça está a passar. E o carma é toda dela, não se iludam.
Poetiza tu; não,
poetize você! Poetizai vós, poetizem eles, poetizem elas, poetizas, poetiza.
À Dalila
Cristina, amiga e colega interessante – e até sou de poucas palavras, ela sabe
– nos desinteressantes e inconstantes interprogramas da mundania no abstrato
estado de cousas.
Segue-te, vida.
Por João Paulo
Santos Mourão.
02/04/2013
~06/04/2013
Para esta amiga sopoetisaporvir e todas as mais criticizem-me sem exceção!
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