quarta-feira, 14 de outubro de 2015
E vive, e volta
Já voltei e vivi,
de campos que tragam a esperança:
O desespero semeia o solo,
e toda cor se acinzenta,
a alma toda arrepia,
e cada flor se lamenta;
do galho se arrebenta,
padecendo de agonia
O vento faz frio e lágrima,
da face, resseca o riso,
nos ombros o peso do mundo,
cabeça perde o juízo,
o corpo em desaviso,
de passamento profundo
As pernas cessam o movimento
a reação se acaba,
toda vontade se finda;
a vida que desaba,
como numa biaba
a beira da berlinda
Já voltei e vivi ... mas que descaminho sorrateiro
Cá estou desconhecido,
o mundo que vi em mim
de tudo estou esquecido
pois já havia partido
da orbe sem meio e fim
E tudo mais uma vez;
o frio que atormenta,
a sede que não cessa,
a fome que desmonta,
o pranto não suplanta,
a dor que nunca passa
André Café
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