quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Olho nu


Pelo tortuoso passo, tracejo malfeito
entre anos de suor e exploração,
cada pegada doída, ardendo até o peito,
queimando temprano plano e solução

Catadores, engraxates, errantes,
professores da vida e do mundo,
praças de casa, abrigos sufocantes
calejados num baque profundo

Cada pedaço de história, memória perdida,
madrugada de medo, amanheço o dia?
na vitrine a promoção; pelo chão, a cegueira

O 'invisível' sistema, ceifador "cauto" de vidas,
pela dor, fome, traumas,entre as noites frias
celebra a evolução, em eiras e beiras

André Café



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