Quiseram-me Barbie,
Mas Barbie eu não podia ser
Barbies são artificiais e idênticas
E eu não,
Eu era gente.
Quiseram-me prendada,
Domesticada,
Pura e santa,
Rainha do lar.
Mas eu quebrei todos os pratos
E esqueci do sal na comida.
Quiseram-me donzela,
Moldada,
Amélia,
Serva, Outra
E submissa.
Quiseram-me corpo
Quiseram-me tudo e esqueceram-se de mim.
Mas eu não,
Eu fui por onde eu quis
E fui de quem eu quis
(inclusive minha):
Do ler, do ser e do desprender.
Experimentei, senti e tive toda a percepção
Quis desbravar e desbravei
Quis desconstruir e desconstruí
Quis ser aquilo que exatamente fui
E não deixei que me pegassem pelo braço.
Eu me rebelei quando eu quis
Voei por mundos que, de tão meus,
Não quiseram mais nada de mim
Além de me ter em tonalidade própria á minha expectativa
Na incansável sede de repetir
Que uma mulher livre é um exército, meu chapa.
(Mara Raysa 1/08/2017)
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