terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Sem Assunto



No mundo em que se pisa na terra,

quebranto é feito homem: segurando forte o açoite;

atrasando o ponto da noite, esmigalhando o pulso que finge,

alimentando a fome de prece, apaziguando o corpo cadente.

 

Fé na brisa que cura as feridas:

ameniza o passo dolente, formigando a peia do mundo;

assunto, na forja dormida, a chave da tosse insistente;

escarro a gota de gente, que afunda no véu espelhado.

 

Embarco, no lume de horário,

cem cargas de peso da história, acobertadas pela ranhura.

não sou assunto da criatura, qual me padeço em meus percalços;

alvoroço cálido, falido, tácito e pungente, murmura.

 

Fogo temente, frio corporal; guizalham as articulações:

uma nota miúda, sofrida e semibreve, invertida verve.


André Café

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